sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

E já agora...


Com muitos beijinhos cheios de carinho!

Menino ou menina...

É mais a preguiça que tem abundado que o tempo que tem faltado para escrever por aqui. No entanto, quando leio algo tãããoooo giro e com o qual me identifico tanto, é impossível não transcrever.
Foi retirado do blog da Mary e é simplesmente delicioso. E nós, como pessoas que andam nos treinos para os "round 2", concordamos plenamente!

Cá vai! (imagem retirada de http://www.homemsonhador.com/Politica.html)

Pró menino e prá menina
Porque esta semana temos ecografia das 21 semanas, e vamos poder, em princípio, se Sua Excelência permitir, saber o sexo do nosso baby novo, aqui ficam as minhas considerações sobre o assunto.
A 2a gravidez é bem diferente da 1a em algumas coisas (não muitas), e esta é uma delas.
Começamos com as reacções dos outros.
Como seria de esperar, seguindo a tradição bem portuguesa do "casalinho" (termo mais irritante, vamos ser honestos), são poucas as almas que não me perguntam "então agora vem a menina?", como se de uma obrigação se tratasse. Se à primeira é completamente indiferente, à segunda, não tem nada que enganar. Vir outro rapaz será estragar a hipótese do casalinho, e isso, meus senhores, não é bonito.
Sejamos sinceros, eu enquanto Mary, quero qb que seja uma menina. Para fazer o casalinho? Não, porque, como li num comentário genial num blog alheio, "não estou a pensar fazer criação", pelo que não preciso de um casal para coisa nenhuma.
Enquanto mãe, quero muito que venha um rapaz.
Passo a explicar.
Desde que engravidei desta segunda vez desenvolvi duas teorias opostas, que me vão permitir ficar igualmente feliz no dia em que souber o sexo deste baby.
Olhando à minha volta, acho que uma filha faz falta a qualquer mulher. Ah e tal, e os rapazes são mais chegados às mães (se é assim, nem quero pensar numa menina, que o meu rapaz é tão agarrado a mim que nem sei, uma miúda nem lhe devo por a vista em cima), e isso é tudo muito bonito, mas enquanto são crianças.
Depois crescem, e as mães envelhecem. E precisam de ajuda para escolher roupas adequadas a determinadas ocasiões, e precisam de opinião para mudar de visual, e precisam de companhia quando se sentem em baixo, e precisam de mandar bitaites a torto e a direito (é inato, está na massa do sangue das mães) em casa dos filhos e isso não funciona quando apenas se tem noras. Todas as mães que eu conheço que tem o famoso casalinho ou filhos rapazes e apenas 1 rapariga, acabam por contar muito mais com a ajuda da filha do que dos rapazes.
E nos casamentos, qual a mãe que tem mais protagonismo? A mãe da noiva.
E quando chegam os netos, em casa de quem os deixamos mais facilmente e com mais à vontade? Em casa das avós maternas.
Esperta foi a minha mãe, que à falta de 1, teve logo 3.
Por tudo isto e muito mais, eu sempre disse que se tivesse filhos de um só sexo, preferia que fossem raparigas. Como isso não vai ser possível, gostava de ter pelo menos uma.
E como não penso ficar por aqui, não precisa de vir a miúda agora, mas para o próximo a pressão, há que admitir, será muita.

Por outro lado, enquanto mãe, e acho que acontece a todas, não me vejo nada mãe de uma rapariga. Não sei o que isso é, e no meu íntimo acho que nasci para ser mãe de rapazolas, para jogar à bola todos os dias, para ter brincadeiras parvas e brutas, para fazer braços de ferro e não me preocupar com laços e bandoletes.

Por eles, espero que seja outro rapaz. Fazendo uma diferença de idades tão pequena, acho que vai ser muito mais giro pela vida fora.
Sendo um rapaz e uma rapariga, acho que há mais probabilidade de se virem a separar na adolescência.
Penso nos "casalinhos de irmãos" mais crescidos, e vejo que aqueles que continuam a dar-se o fazem, em parte, porque os respectivos cônjuges se dão bem também. Ora eu dou-me com as minhas irmãs, e combinamos cenas, e telefonamos, tudo à margem dos maridos.
Não quer dizer nada, eu sei, mas acho que dois rapazes tem mais probabilidade de serem os melhores amigos, hão-de sempre ter-se um ao outro para ir ao futebol e ir beber uma jola depois do trabalho.

A tudo isto, posso juntar a minha intuição maternal.
Eu tenho um feeling tão grande, mas tão grande, que há dias em que tenho a certeza absoluta que é rapariga, e outros em que juro a pés juntos que vem daí um rapaz.

Isto tudo para concluir, que sim malta, tal qual da 1a vez, o sexo é completamente indiferente.
O importante - olha o cliché - é que venha com saúde. Mai nada.


PS: é menina! :) Parabéns Mary!!! :D

sábado, 20 de novembro de 2010

Há escolas assim...

Se há mais de um mês eu debatia-me com a guerra dos legumes, passado este tempo a coisa foi alterada de forma tão drástica que não posso deixar de vir aqui falar nisso.
É que do nem pensar em haver legumes à 2ª feira passamos a poder levar os nossos substitutos da carne, com um grande à vontade. Porque, embora em minoria, havia já 1 criança na sala do petiz que o fazia, o que facilitou a nossa vida.

Não é muito complicado para a creche aceitar estas pequenas alterações de ementa. Afinal, é só pegar naquilo que vem nas caixas bem identificadas com o nome da criança e em vez de pôr a carne no prato, botam o conteúdo da dita cuja caixa. Não lhes custa nada. Custa-nos a nós, que temos de seguir a ementa, preparar a alternativa de véspera, levar e trazer a caixinha... Mas, isto será algo que o "slow parent" de hoje em dia faça? Será que um pai despreocupado não seria mais feliz simplesmente aceitando a comida que a mensalidade da creche paga?

Pois.

Não.

Se quiserem perceber porquê de forma divertida, vejam isto. E engane-se quem pensa que isto é o que se passa nos Estados Unidos, que cá temos uma agro-pecuária muito mais salutar! Quem já alguma vez visitou ou sequer passou por uma vacaria sabe bem que não é assim! Quanto mais a procura, mas pressa de que os animais cresçam rápido, a todo o custo, para que dê lucro. E isso é verdade aqui, na França, na Austrália ou no Brasil!

O pai descontraído é o pai interessado, que se envolve em todas as facetas da vida do seu pequeno, mesmo (e especialmente) se está a maior parte do tempo longe dele. É também o pai que se preocupa em fazer a sua parte para que o seu filho possa viver num planeta, ainda assim, não totalmente degradado. ASs questões ambientais já não são só tema exclusivo de ambientalistas, mas de todos nós.

Enfim, como a Beata Madre Teresa de Calcutá diz (ou escreveu): O que eu faço, é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor.

Por isso, agradecemos à CAI a disponibilidade em aceitar as fraldas reutilizáveis do Gabriel e aceitar que levemos a "nossa" comida, para que pelo menos durante mais uns tempos, ele coma de forma saudável e sustentável.

Vocês deviam ser a regra, e não a excepção que a confirma! :)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eu só pedi legumes!!!

Quer dizer, se tivesse insistido que os putos da creche comessem gelados e bolos ao lanche, todos os dias, eu percebia a reacção. Mas eu só pedi LEGUMES todos os dias à refeição!

Eu explico: primeiro dia de creche, certo? A mãe em lágrimas, o puto em lágrimas, mas vá que tudo vai correr bem e pronto, é a vida.
Volto para o apanhar à hora de almoço da criançada e até fico a dar uma mãozinha que isto de primeiros dias é um bocado complicado. E a "sopa" o que é?? Canja. Sim, daquela com massa e pedaços de carne e pele a boiar numa água engordurada. A única coisa verde era uma folhita de hortelã. Bem bom, pensarão alguns amigos que até comem duas tijelas da mistela, assim a haja no bar da faculdade. Pois....

Mas e o 2º pratinho dos meninos, o que era? Então, esparguete com almôndegas. Aiiii! Então a "sopa" não é sopa (desculpem mas o meu conceito de sopa não abrange massa e carne em água) e o prato é massa com carne?? Mas isto é sempre assim?

Vai esta mãe à secretaria e pergunta como é a ementa para o resto da semana. Aí vem a lenga lenga da sopa de espinafres, de nabiça, de cenoura. Muito bem, mas hoje foi canja. Onde estão os legumes? Resposta: "Como é segunda feira não há sopa de legumes porque não há legumes". O QUÊ??

Então a "directora pedagógica" quis impingir-me que a ementa, feita por uma nutricionista (não querendo ofender ninguém, mas já repararam que há cursos de nutrição à venda na net??) inclui um dia em que não há pinga de verdura ao almoço de crianças do 1 aos 5 anos de idade!! Porque não há verduras à 2ª feira!!! Ora, façam-me o favor de não insultar a minha inteligência!!

Pois minha querida, o meu filho TEM de comer verdura a todas as refeições, por isso se quiser ele trás de casa a sopinha dele. "Ah, mas isso é complicado. Oh mãe, é só um dia!! Pode sempre carregar nos vegetais à noite!"....
TÁ-ME A ACHAR COM CARA DE PARVA?? Então os médicos recomendam que se coma NO MÍNIMO 5 porções de verduras e fruta TODOS os dias, vocês na refeição do meio do dia não põem nada e ainda me mandam "carregar" de verduras a refeição da noite?! Estão a gozar, mas de certezinha!!!

Resultado: fica o compromisso de que o meu piqueno come a sopa dos menores de 12 meses (essa sim, tem sempre verdura, não sei vinda de onde pois se à 2ª feira não há....) e depois come o prato com os restantes. Não é um grande compromisso, mas é o que há.

Pergunta: O que fará esta directora pedagógica no dia em que lhe aparecer à frente um menino de família hindu ou budista? Ou mesmo um judeu ou um muçulmano? Também vai tapar o sol com a peneira com os pais? Também vai dizer para cumprirem as tradições e imposições religiosas só à noite?? Eu compreendo que um infantário não tenha de ter refeições à escolha de cada criança, ainda mais se é IPSS. No entanto, nos dias que correm, cada vez mais se deve apostar na diversificação alimentar.  Aliás, se não fosse pelo preço e pela distância, se calhar o nosso pequeno ia comer esta ementa. Será que é assim tão mais caro para a escola fazer uma refeição de tofu? E colocar mais vegetais? Tenho de mandar mail a perguntar qual é a/o nutricionista deles.

E mais. Vejam esta notícia:
"De acordo com o Ministério da Educação, a legislação prevê que os estabelecimentos de ensino forneçam dietas próprias a alunos com restrições alimentares medicamente comprovadas, mas o próprio secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, admitiu recentemente à Lusa que algumas escolas não estejam a cumprir. "As escolas têm obrigação de providenciar as condições para que a criança ou o jovem tenha essa alimentação [alternativa]. Mas admito que nem todas as escolas no país tenham condições para o fazer", afirmou na altura.".
Portanto a lei obriga, mas as escolas têm é de pensar na contenção orçamental, enquanto as "esquisitices" dos pais que até querem ter uma alimentação mais saudável e livre de hormonas e antibióticos fica para segundo plano.
Ou seja, o que eu vou fazer é ir ao médico e dizer-lhe, "Se faz favor, drª, passe-me uma declaração em como o meu filho precisa de comer vegetais a todas as refeições.". Vamos ver se assim já passa a haver legumes à 2ª feira!

São VEGETAIS, caramba!! Não são caramelos!! :P 

domingo, 3 de outubro de 2010

A galinha e o ninho*

A expressão mãe galinha é fascinante. Principalmente quando já observámos a dita cuja em acção. De facto podia ser mãe loba, mãe leoa, mãe égua ou mesmo mãe golfinha, mas a verdade é que todas as progenitoras, nos primeiros tempos de vida das crias, não as largam nem um bocadinho. E a nossa espécie não é excepção. No entanto, quem quer ficar mais um tempinho a cuidar da cria humana, é chamada mãe-galinha....

O que eu acho engraçado é que, numa sociedade em que até há bem pouco tempo as mães ficavam em casa para cuidar dos filhos, se tenha passado para o oposto tão dramaticamente e sem dó nem piedade. Por exemplo, se uma pessoa até pensa que é correcto amamentar em exclusivo até aos 6 meses de vida, além de ser apelidada de louca, é impedida pela lei que só permite que as mães tenham 120 dias de licença de maternidade (paga a 100%). Vão me dizer que agora a lei mudou e que vai até aos 6 meses. Puro engano de quem não aprofundou a coisa: só há essa hipótese se receber apenas 80% do vencimento e partilhar a licença com o pai, que se contentará a dar o leite do bebé que a mãe tirar com a máquina e congelar.

E a licença de amamentação? Outra aventura! São 2 horitas por dia até a criança perfazer 1 ano, mas que quase ninguém goza porque os patrões e chefes não vêem com bons olhos a "colaboradora" chegar mais tarde e sair mais cedo durante esse tempo. O abuso....
Eu até encontrei uma solução que, no meu entender, beneficiava toda a gente: 4 dias a trabalhar a tempo inteiro e juntava as 8 (!) horas devidas à amamentação num dia só, o que permitia uma grande liberdade para tratar de assuntos diversos, ir ao médico com o petiz, dar uma limpeza na casa, enfim, o que tinha de ser feito quando não se tem empregada e os 2 dias do fim-de-semana não dão para tudo. Pois... durou uns meses. Aquando da renovação do contrato foi posta a questão "ou deixa essa história, ou o contrato não é renovado". O que se há-de fazer? A malta não vive só com 1 ordenado! Lá se enfiou um direito pelo cano e puxou-se o autocolismo.

É claro que não estamos mal, considerando outros países no resto do mundo (http://en.wikipedia.org/wiki/Parental_leave#Europe). De reparar que nos Estados Unidos da América, a licença de maternidade é 0 (zero) semanas.

No entanto, há os antípodas que são os nossos vizinhos europeus:
- Republica Checa - 2, 3 ou 4 anos de licença de maternidade, paga 100%;
- Áustria - 1 a 3 anos, paga 100%;
- Eslováquia - 3 anos, acrescido de mais 3 se a criança for deficiente. O estado paga 256€ por mês nos primeiros 2 anos, passando a 164,22€ daí em diante;
- Suécia e Noruega - 16 meses de licença paga, obrigatório que no mínimo 2 desses meses sejam gozados pelo progenitor minoritário (grosso modo, o pai);
- Estónia - 18 meses de licença paga;
- Bulgária - 1 ano de licença paga a 100%, o 2º ano pago ordenado mínimo;
- Eslovénia - 1 ano de licença paga a 100%;
- Dinamarca - 52 semanas (13 meses) mas 2 semanas têm de ser gozadas pelo pai;
- Reino Unido - 52 semanas (13 meses) de licença de maternidade ou adopção, das quais 39 semanas (cerca de 10 meses) pagas na totalidade e o restante tempo segundo uma taxa fixa.
- Irlanda - 6 meses pagos a 100%.

Eu disse que não estavamos mal, mas como eu acho que nos temos sempre de comparar com o que é melhor e não o contrário, então acho que podíamos estar bem melhor.
Claro que há sempre o argumento de que há nesta lista países com impostos muito superiores, que há outros países desenvolvidos (Alemanha e Holanda, por ex.) que têm o mesmo tempo de licença de maternidade que nós. E eu pergunto: eles estão contentes com isso?
Basta ver o que se passa na Alemanha para perceber que não (http://www.time.com/time/world/article/0,8599,1991216,00.html).

Com o estado das coisas em Portugal, ou seja, aumento de impostos e supressão de "abono de família" para quem, como nós, se situa miraculosamente nos escalões mais altos da Segurança Social (embora tenhamos IRS com apenas 1 a receber), então acho que só quem se safa são os mais ricos e os mais pobres, uns porque não precisam dos subsídios, os outros porque têm fracas noções de controlo de natalidade e recorrem a vários subsídios que os vão conseguindo manter à superfície. Creio que muito em breve a situação demográfica por cá também comece a entrar num estado crítico.

Então a classe média, como é que fica? Nos 1.5 filhos por família, a tentar desenrascar e esticar o único ordenado certo que entra em casa todos os meses, e a lamentar que esse mesmo ordenado não dê para que a mãe fique em casa com a cria e a tenha de deixar aos cuidados de avós e creches.

Podemos não ser galinhas, mas não somos exemplo para mais nenhuma espécie.

*desabafo de quem vai levar o filho pela primeira vez à creche, amanhã.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Há hospitais e há Hospitais.

Isto não é uma critica. A sério que não é! Só que o programa de estreia da Conceição Lino na SIC foi, para mim, um bocadito... vá, estranho!

Partos em directo, desde Beja e do Santa Maria em Lisboa!! O Santa Maria, ainda por cima, hospital onde fui seguida na grande parte do tempo de gestação do Gabriel, mas onde eu não escolheria para o parir a não ser por algo mesmo, mesmo, MESMO específico! Nada de errado com o Sta Maria, atenção! Só que faz parte da minha Universidade, e tá tudo dito. É um hospital Universitário, onde há "meninos doutores" por tudo quanto é lado... Para terem uma noção, durante o tempo em que lá fui, não fui observada pelo mesmo médico 1 única vez!! Valia as enfermeiras serem as mesmas, senão....

De facto fazem falta os hospitais universitários, senão onde treinariam os médicos?? Mas hospitais universitários onde a mulher ainda tem de parir deitada com as pernas nos apoios?? E onde é consentida uma emissão em directo?? Claro que houve consentimento dos pais (digo eu!) e que, com certeza, aquela mãe que estava roxa de fazer força não se importou nada de, entre contracções, ter um microfone da jornalista enfiado à frente do nariz a perguntar se estava ansiosa por ter a menina nos braços. Pois....

Não sei, fez-me espécie. É que parece que o mundo dos partos se separa cada vez mais diametralmente: de um lado os que querem ter um parto sossegado em casa, o menos manipulado possivel, em que se houver gravações é para consumo próprio, em que não há muitas mãos a mexer "lá em baixo", onde não nos OBRIGAM a deitar para parir (porque é mais confortável para os médicos e para mais ninguém!), onde o nosso bebé não sai de perto de nós, onde é colocado à mama logo no recobro....
Do outro lado, os que acham que os médicos é que sabem o melhor para a mãe e restantes familiares, onde na sala de parto há 1 enfermeira, 1 anestesista, 2 médicas a mandar fazer força "lá em baixo" (com epidural as mulheres têm de ser "orientadas" assim) e 1 equipa de reportagem, em que havia um telemóvel a tocar e em que a bebé é tirada da vista da mãe imediatamente a seguir ao parto (para a sala dos recém-nascidos, disseram...). É pá, funcionou para a sra? Que bom!

A mim meteu-me muita confusão! Eu que tive numa salinha de partos só com a companhia de 1 mesma enfermeira-parteira e do papá Bruno, com musiquinha fixe,  que fizeram o "toque" mais amiúde e por outra enfermeira quando viram que a coisa podia não desenrolar, eu que senti onde e quando tinha de fazer força, que estive numa posição mais ou menos confortável (semi-cócoras, com o rabo ao pé dos pés), ver aquilo tudo pareceu-me esquisito!

Será que as grávidas que estavam no programa sabem que podem ter um parto diferente? Será que sabem que muito do que se passou naquele parto é desaconselhado pela OMS? Não percebi.

Depois foi a entrevista a recém mamãs na MAC (Maternidade Alfredo da Costa) onde se viu uma enfermaria com 8, sim 8, camas. Caramba! Eu não sabia que era assim mesmo um "aviário" como se costuma dizer a brincar. É que no Hospital do Barreiro a minha enfermaria tinha 3 camas... E na altura as condições não me pareceram nada de especial (aquela casa de banho, arghhhhhhhhhhh!!). Mas comparando, parece que estive numa suite!

Bem, passo a publicidade à Conceição Lino (que de jornalista séria passa a Júlia Pinheiro 2! Espero que lhe estejam a pagar mesmo bem!) e se tiverem vontade de ver o programa, está disponível no site oficial...

Vá lá mulheres! Informem-se melhor! O parto dos vossos filhos é vosso também! E nunca mais o vão esquecer!!

Ah, e sim sou membro da HUMPAR!
http://www.humpar.org/comunicado-ao-programa-boa-tarde.html

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

As mamas são MINHAS! Certo?...

Toda a gente sabe que a amamentação é o melhor para a mãe e para o bebé. Toda a gente sabe que a amamentação cria laços emocionais; que dá ao bebé as defesas que ele precisa para os primeiros tempos de vida; que permite à mãe recuperar a forma física mais rapidamente... Bem, nem toda a gente sabe. E parece que muitos médicos sãos os que menos sabem acerca do assunto.

Afinal, porquê amamentar quando dar o birerão é mais giro? A maioria das raparigas da minha idade cresceram com Nenucos e os seus acessórios, onde estava a chucha (outro objecto mítico!) e o biberão miniatura. Nós crescemos com isso no nosso imaginario.

Depois vem a questão social. Dar de mamar em sitio publico é embaraçoso! Pôr as nossas mamas ao ar assim, no meio da rua?! Credo! Muito mais fácil andar com biberão, garrafinha térmica para a água, caixinha com o leite em pó e eu sei lá que demais parafernália atrás! É raro ver uma mulher a amamentar num restaurante ou num parque. E é uma pena.


Estive com uma mãe há coisa de um mês que se queixava que em 6 dias já tinha passado por muito com gretas e feridas. Ela dizia que entre a bomba e mamadas, lá ía conseguindo aguentar. Outra amiga teve tantos problemas que de cada vez que amamentava o filho tinha de morder num anel de borracha para não gritar de dores. Mas amamentou o filho.
Admiro estas pessoas que sofrem mas ainda assim perseveram, porque qualquer um pode ir a um supermercado comprar uma lata de leite. Poucos são os que se mantêm firmes no intuito de que amamentar é, de facto, o melhor. É que é preciso muita força de vontade!

Eu compreendo, a sério que compreendo! Afinal, quando uma criança pequena acaba de mamar e continua a chorar convulsivamente, não seria mais fácil passar logo ao plano B e enfiar com uns bem medidos 150ml de leite no bucho? Sim, porque sabemos lá nós a quantidade de leite que o bebé mama à mama (disseram-me isto tanta vez quando o Gabriel tinha crises de cólicas...). No entanto, aquilo em que acredito, é que os bebés muitas vezes choram porque há algo que os incomoda e não tem nada a ver com fome. E há um teste muito simples para isso no inicio da sua vida: a balança! Se o bebé está a aumentar de peso é porque está a receber todo o leite de que precisa! Se chora depois de mamar e havendo a certeza de que estava mesmo a mamar (e não a chuchar), então não é de fome.

E nem me falem no laço com o pai. É que com biberão o pai também pode participar na alimentação do filho logo que nasce... Mas das milhentas coisas que há para fazer com um bebé, porque hão-de  imiscuir-se naquela que é exclusiva da mãe?? Toda a gente pode dar banho, embalar, mudar a fralda, deitar, ler histórias, cantar, brincar com o bebé. Mas só a mãe pode amamentar.

A minha história, neste aspecto, é uma seca. Amamentação completamente sem espinhas durante os 18 meses que durou e os biberãos que nos ofereceram serviram apenas quando o Gabriel começou a ficar com as avós. Sim, sou apologista da amamentação prolongada, sou contra o leite de vaca consumido por humanos e sou apologista de que, enquanto der, houver e a criança quiser, que haja mama! Nem que seja, como nós, de 1:30h em 1:30h! Porque, sabem, os bebés não sabem o que é o tempo e não sabem ver as horas. Lá porque o nosso médico diz que se deve dar de mamar apenas de 3 em 3h não quer dizer que o nosso bebé vá nessa conversa. :) E muitas vezes não vai!

Tenho pena quando conheço mães que desistem. Há várias razões para isso e, como disse acima, compreendo completamente. Mas tenho pena. É que não poupam umas largas dezenas de €, andam carregadas de tralha atrás e não têm a fantástica sensação de "levar o menino ao peito".

Estas fotos foram tiradas na Feira de Santarém, há um ano. Foram elas a minha inspiração....


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Férias em familia...???

Depois de muito tempo sem por cá pôr os dedos, cá "estemos". Nada melhor que umas merecidas, relaxantes e longas férias (forçadas para alguns...) para pormos a escrita em dia e contar as novidades parentais... :)
É que isto de férias não é uma coisa assim tão simples. Afinal, quem tem de se preocupar apenas consigo mesmo ou, no máximo, com a cara-metade, tem a coisa ligeiramente facilitada. Faça-se um orçamento, discutam-se planos e sonhos de viagens, vejam-se os dias que cada um dispõe, o "conduzes tu ou eu?" ou então o "vamos em low cost ou queres antes viajar com qualidade?"...  Essas dúvidas tão pertinentes e que, às tantas, são metade da piada de ir de férias.

Mas quando se tem uma criança..... Ai minha mãe! E minha sogra também! Sim, porque se não levamos em linha de conta que os avós também querem ter o seu quality time com os netos e não passamos com eles nem que seja uns dias, cai o Carmo, a Trindade, a Sé e mais algumas igrejas da Baixa de Lisboa, de tão forte o terramoto emocional!

E esqueçam o argumento de que, no nosso caso pelo menos, as avós até tinham o netinho durante o dia, todos os dias, enquanto os papás estavam na longínqua Lisboa (afinal demoramos tanto tempo de transportes para lá chegar como apanhar o avião e chegar a Londres...). Não, esse argumento não pega porque.... enfim, não há porquê, simplesmente não pega!

É que férias são férias, caramba! Queremos ter o nosso pequeno connosco, nem que seja nestas miseras semanas de descanso... ou queremos mesmo? E aqui salta o slow parent que há em nós.

Vamos recordar, por breves instantes, as belas férias da nossa infância... Que as há para todos os gostos e feitios, sem dúvida. No entanto, e quando comparamos os cromos das memórias infantis, entre o nosso agregado familiar há uma diferença abismal: um participou em colónias de férias e o outro não. E isso, my friends, muda TUDO! É que aqueles singelos 15 dias sem a entidade parental, eram pura delicia! Não interessa se entre esses 15 dias se metia um fim-de-semana em que os pais iam visitar os petizes! Os restantes, vá, 14 dias, eram a liberdade!!! Com regras, claro, que ninguém pense que as colónias de férias, pelo menos há cerca de 20 anos atrás, eram um bandalho, que não eram! Mas eram regras de outras pessoas que não as mesmas 2  de sempre; e saía-se da rotina, espairecia-se um pouco, mudavam-se os ares (para ares de dormitórios bafientos, é certo!) e apanhava-se um bronze fantástico de tanto mar e tanta piscina.

Os outros, os que tinham pais para quem férias significava, invariavelmente, ir "para a terra", esses também mudavam de ares e de caras (embora as duas principais continuassem lá...), ainda mais quando as famílias eram grandes e havia sempre 2 ou 3 primos para entrar nas brincadeiras. Só que, visto à luz da distância do tempo, não sei se, tivessemos nós tido voto na matéria, não escolheriamos, na maior parte dos casos, a primeira situação.

Será que ainda hoje nos pareceria cruel "enviar" um pequenote de 5 ou 6 anos para uma colónia de férias? E pôr a coisa ao contrário: pareceria-nos a nós mal deixarmos o pequenote e irmos nós de férias?

Se a resposta à 2ª pergunta é SIM, então boa noite, não precisam ler mais.
Se ficam na dúvida ou se a resposta é NÃO.... Bem-vindo ao clube dos Destressados!

Pois que fomos para Itália, sim senhor! Fomos de 6 a 15, visitar as belas vistas de Assis, beber da espiritualidade franciscana na fonte, partilhar emoções (e pizzas e gelados e melgas mutantes e dores de pés e muito calor...) com um bando de gente, passear por ruas medievais e bosques centenários, dizer grazie e resistir à tentação de explicar o que é prego em Português (e pode ser tanta coisa...) e fomos só nós os 2. Sem dó nem piedade! Ora pois é!

Bem... também não foi assim tão fácil! Afinal, o puto tem ano e meio, tá giro que se farta, anda na fase engraçada de tentar dizer tudo o que ouve e saem coisas como "papo" quando quer dizer sapo e copo e sapato... Não foi nada engraçado deixa-lo!
Mas a verdade é que se ele fosse não ía aproveitar nada, nós não íamos aproveitar nada e o restante bando não ía ficar muito contente de cada vez que tivessemos de parar para mudar uma fraldita cagada...
Então o "piqueno" ficou entregue nas mãos muito capazes dos avós que deliraram com a possibilidade de o mimar... perdão, cuidar durante uma semanita. E sabem que mais? It was gooooood! (Jim Carrey em Bruce, o Todo-Poderoso).

Na verdade, as férias em familia são uma invensão moderna e muitas vezes pouco concretizavel. Claro que passamos o ano a trabalhar e longe uns dos outros no dia a dia. Então quem diz que durante aquelas 2 ou 3 semanas, temos de nos aguentar 24/24h e pacificamente?? Quem é que inventou isso?? Porque é nas férias que vamos ter disposição de ver 50 vezes os episódios do Pocoyo? Ou que vamos ter paciência para as músicas da Hannah durante toda a viagem até ao Algarve? Ou para aturar a montanha russa de humores de quem tem 16 anos e sabe tudo e não gosta de acampar porque não pode ver os Morangos ou actualizar o Facebook porque ainda não tem o telemóvel porreiro porque os pais são "xungas"? Ou os gostos/hábitos/horários alimentares dos filhos trintões que têm as próprias rotinas e nas férias acham que as nossas são pirosas e antiquadas e chatas?? ISTO é férias??!!

Bem... sim, se sofremos de algum mal maso-idealista tipo "a nossa família é perfeita, damo-nos todos super bem a todas as horas e aguentamos 3 semanas juntinhos!!". Para os restantes mortais há uma solução melhor: ir de FÉRIAS!!!

Deixar os putos com os avós 1 semana e ir curtir! Ou pô-los num dos inúmeros programas para crianças e jovens que há por aí (por exemplo http://www.upaje.pt/CamposdeF%C3%A9rias/Residenciais/Ver%C3%A3o/tabid/275/Default.aspx ou tantos tantos outros...) e ir curtir.  Resumindo: ir curtir! Nem que seja preciso gastar o subsidio de ferias nas férias deles e passar esse tempo em casa ou a ir à praia na Costa de Caparica! Não interessa! O que importa é que eles divertem-se e trazem montes de coisas para partilhar, vêm com as baterias recarregadas de tanto apanhar sol, vêm com novos amigos, se calhar aprenderam algo novo e nós... descansamos que é para isso que as férias servem! E arranjamos paciência e vontade para ver mais uma vez o Nemo...

Boas férias!! :D

sexta-feira, 30 de abril de 2010

"Baby steps"

E finalmente ele ganhou coragem, largou a mão da mãe e começou a andar sozinho! :)

Todos nós temos no livro do bebé uma inscrição qualquer acerca dos primeiros passos. E se não temos livro de bebé, então os nossos pais, avós, tios, irmãos, primos ou vizinhos não se importam de repetir, quando queremos e quando não queremos, aquelas gracinhas que fizemos para conseguir entrar no clube dos bipedes.

Estava a ler um livro hoje com algumas dicas de "slow parenting" quando chego à pagina 77, cujo capitulo se chama "Walking the walk". As autoras sustentam a ideia de que os pais que andam de costas tortas, agarrados por 1 dedo enquanto os seus bebés começam a dar os primeiros passos, parecem neandertais. Elas continuam dizendo que, "tal como andar de bicicleta, caminhar requer equilibrio, mas que não há razão nenhuma para que os pais sejam as rodinhas de segurança dos seus filhos". Tal como tudo na vida, é preciso cair para poder levantar e não é por nós estarmos a segurar a mão da criança que ela se vai magoar menos ao cair. Disso já eu tive a prova. As quedas mais chorosas foram quando estava agarrado a mim ou a alguém. Se, por outro lado, tivesse as mãos livres, talvez tivesse amparado melhor a queda e não se assustasse tanto.

Aliás a nossa médica disse o mesmo: "Sabe que ele precisa cair?". Mas é muito mais fácil ouvir a teoria que seguir a prática. É muito mais fácil dizer para ele andar sozinho do que de facto deixa-lo andar sozinho.  Muitas vezes penso se estaremos a criar um miúdo medricas, mas de cada vez que o vejo dar os seus passitos hesitantes penso que não.  Ele é esperto, sabe que consegue chegar a mais coisas se estiver pelo próprio pé e bastante rápido vai andar a correr pela casa.

Disse Confúcio que "A nossa maior conquista não é a habilidade de não cair, mas a de saber levantar cada vez que caímos". É verdade.

Mas deixem-me, às vezes e só por um bocadinho, evitar que ele caia... Está bem?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

AI que DORES!

Um dos assuntos mais importantes, isto é, com o qual demoramos mais tempo, no CPP (curso de preparação para o parto) foi a dor ou, como eu costumo chamar, o MEDO da dor. Para a maioria das pessoas (incluindo os companheiros de CPP) é desconhecido que o parto tem 3 fases, que se deve andar para ajudar o bebé a encaixar e descer, que há variadíssimas formas de ajudar a suportar a dor das contracções, que entretanto se vão intensificando e aproximando.

Eu costumo dizer que as pessoas falam sempre em aguentar as contracções. Ora o que se "aguenta", guarda-se cá dentro. Para mim, as dores das contracções suportam-se e trabalha-se para que passem. Uma coisa tão simples como ficar na bola de partos já pode muito bem aliviar a dor e o desconforto das contracções iniciais. Mas o que mais me perguntaram no hospital não foi se eu queria uma bola de partos (a qual eu pedi e à qual tiraram o pó), uma massagem ou um banho quente; foi, isso sim, se eu queria drogas (epidural).


Entenda-se que não tenho nada contra a epidural. Aliás, agora conheço várias mulheres que tiveram experiências óptimas de parto com epidural. Fico feliz por elas. No entanto, o número de casos em que as experiências não foram assim tão boas, em que houve efeitos secundários adversos, é ainda assim grande. E eu estou só a falar dos nossos conhecimentos. Casos escabrosos e arrepiantes estão ao virar de cada blog, por isso não os vou descrever. Mas há que pensar que nos (poucos?) anos em que a epidural cá anda, não se fizeram estudos conclusivos quanto ao seu efeito no feto/criança nem na mãe.

Aliás, um dos exercícios do CPP era dar indicações de efeitos secundários da epidural e de outros métodos de alivio da dor (como aromaterapia, música, água, bola de partos, etc). Quem quiser pense um pouco no que sabe do assunto e com certeza arranja uns 5 efeitos secundários da epidural e talvez 1 (ou nenhum) em cada outro método.


A frase "Parir sem dor" tornou-se num lema de muitos hospitais que querem ver aumentar a taxa de natalidade dentro dos mesmos, advogando que as mulheres não precisam "passar pelas dores de parto", que ninguém quer "sofrer" com as contracções, que a tecnologia nos dá os instrumentos para que o parto seja mais "fácil" e só temos que os usar.
Eu digo que um óptimo slogan seria "Parir com respeito" em que a dor é apenas um dos aspectos do parto, importante como muitos outros... Ou até mais. Que tal perguntar à puérpera o que ela sente e deseja? Que tal haver monitores fetais portáteis para que a mãe possa sair da cama durante a fase activa? Que tal não canalizar logo uma veia e pôr a puérpera a soro, fazendo-a sofrer (aí sim, a bom sofrer!) com sede sabe-se lá quantas horas? Isso seria parir com respeito, e a mulher sentir-se-ia mais bem preparada para enfrentar as outras dores importantes.

Senão vejamos: já algumas vez viram um episódio do "Dr. House" em que ele trata de uma menina que tem um problema neurológico e não consegue sentir dor/es? É uma vida complicada, pois a cada manhã a rapariga tem de se ver ao espelho para ter a certeza de que não se mordeu durante o sono e está a sangrar; não pode praticar desporto pois pode partir ossos e não sente; tem de cozinhar com muito cuidado pois se se corta ou queima não saberá; enfim, imaginem todo o vosso dia a dia vivendo sem a consciência de que um acto pode magoar-nos e por isso temos de ter cuidado. Muita gente diria que seria uma vida fantástica porque não sofreria, mas quem viu o episódio de que falei sabe que a vida da rapariga era tudo menos fantástica.

As dores, por muito irritantes, más e irracionais que sejam têm uma função: indicam que se passa algo com o nosso corpo. Seja um dente cariado, falta de descanso ou que o bebé está pronto para nascer, as dores merecem ser sentidas e compreendidas porque quem conhece as suas dores, conhece o seu próprio corpo.

As dores das contracções são precisamente uma indicação de que algo está para acontecer, que é melhor a mãe preparar-se porque vai ter muito trabalhito pela frente. Mas não há que ter medo! Cada contracção que vem, é uma contracção a menos para o bebé estar cá fora. E sejamos sinceras: nunca em ocasião mais nenhuma sentiremos as contracções a não ser no parto dos nossos filhos. Porque não passar pela experiência?

Claro que há pessoas que têm uma fraca resistência à dor, e outras que conseguem suportar a dor mais facilmente. A verdade, para mim, é que qualquer que seja o caso, desde que haja um processo de mentalização no sentido do que se quer do parto, do que se espera, de até onde estamos dispostos a ir para ter essa experiência em pleno, então as contracções são suportáveis, "aguentam-se" bem e passam depressa.

É como tudo na vida: depende da perspectiva.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Despacha-te a nascer!

Os homens que nunca andaram com um barrigão enorme, não podem sequer imaginar qual é a sensação. É indescritível! Sentimo-nos redondas, inchadas, enormes, mal dispostas, a correr para casa de banho, enjoadas e cheias de fome ao mesmo tempo... Não há palavras para descrever o desconforto geral.
Para além do que sentimos fisicamente, há uma completa batalha a travar-se no nosso cérebro: "despacha-te a nascer!" e "deixa-te ficar aí para seres sempre só meu" foram 2 dos pensamentos que se degladiavam dentro do mim nas últimas semanas da gravidez. Fora parte o stress profissional, a verdade é que queria estar calma e curtir a dita cuja barriga e o pequeno monstro que lá se escondia, mas as ânsias e os nervos de não saber o que ia acontecer quando o bebé saísse não deixavam a minha pobre cabeça descansar.

Uma das coisas (entre outras) que ajudou bastante no processo chama-se curso de preparação para o parto (CPP). Ele há muitos, de muitas maneiras e feitios, dado por muita gente e em muitos locais, mais ou menos caros. Mas há uma certa tendência para aqueles que são gratuitos (os do centro de saúde e hospital) serem a horas que não lembra o diabo. É que uma estudante de mestrado (pré-bolonha) e bolseira de investigação em Lisboa vir ter o curso às 15h no Barreiro e voltar para Lisboa simplesmente não é possível. Ou seja, qualquer pessoa que trabalhe em Lisboa e viva no Barreiro, por ex., vê-se aflita para poder estar nesses cursos.
Então andei às voltas até encontrar um local, relativamente perto do trabalho de ambos, com horários pós laborais, que tivesse valores razoáveis e, principalmente, que seguisse o mesmo tipo de filosofia "naturalista" que nós. Aí conhecemos a "nossa" enfermeira obstetra e um conjunto de outros casais que, na sua maioria, estava ainda pior preparado para o que aí vinha do que nós.

Foi no curso que soubemos das diferentes fases do parto, das práticas que são "habituais" em Portugal e por esse mundo "civilizado" fora, que tendem a despachar o mais rápido possível essa coisa suja que é nascer. Nós mesmos fomos "vitimas" disso pois começamos a cair nas tabelas das sras enfermeiras dentro do "prolongamento da fase latente do trabalho de parto" que, segundo as "normas" não deve passar para além das 8 horas. No entanto, não fica claro da leitura dos manuais se não haverá situações que induzem esse prolongamento, como estar amarrada a uma cama pelos monitores de contracções e de batimento cardíaco fetal, em vez de deambular como toda a mulher, desde o inicio da humanidade, fez. O que interessa é que a sra que entra ainda na fase latente, por algum motivo, se despache a ter a criança! E para isso, nada melhor que a administração de uma "occitocinazinha" para ajudar a despachar a coisa.

Tenho para mim que, na maior parte dos casos, se as mulheres levarem um reforço positivo durante a gravidez (seja num CPP ou de outra forma) em que lhes seja incutido que elas conseguem parir virtualmente sem ajuda de ninguém, desde que ouçam e conheçam o seu próprio corpo, muita coisa seria evitada. Tenho para mim que a natureza fez-nos, fêmeas de mamíferos que somos, com a capacidade de parir em qualquer condição e que se temos os avanços médicos que temos, dêmos graças a Deus e utilizemo-los nos casos onde, de facto, fazem falta.

Os partos, principalmente de 1º filho, são demorado na esmagadora maioria dos casos e a baliza das horas é importante para se perceber se está tudo a correr bem, mas é de desconfiar se alguém está com muita pressa que o bebé nasça, sem dar justificação aparente ou dando uma justificação coxa. O mais provável é querer empurrar para uma cesariana, estar com pressa para ir almoçar ou para sair, que já acabou o turno.

O que leva também ao fantástico nascimento "por encomenda".
- Então dia 18, às 10 da manhã, está bom para si?
- Sim, sr dr.

E imaginem, anos mais tarde:
- Mãe, como é que eu nasci?
- Então, como o sr dr só fazia partos às 3ª e 5ª; nós marcámos para a 3ª, dia 18, às 10h. Além disso, estavas previsto para dia 29 de Dezembro, o que era uma chatisse porque ias estragar a passagem de ano. E uma semana antes era o Natal, por isso também não dava. Assim, nasceste com 15 dias de antecedência, que era quando dava jeito.

Que giro. Podemos ter filhos como encomendamos pizzas, na hora e momento certo em que queremos. Esqueçam a história de o bebé poder não estar preparado; esqueçam a ideia de que a mulher saber quando é que a sua criança vai nascer. O que interessa hoje em dia é se "dá jeito" ou não. Numa sociedade de consumo, de prazeres fáceis, isto será de espantar?

Eu cá prefiro saber que o meu filho nasceu quando quis, quando achou que estava preparado. E eu estava cá para o acolher, porque o queria e desejava independentemente do dia e da hora. E acredito que devia ser sempre assim, desde que nada haja contra.

Por isso, fora com o "despachar"! Viva(m) o slow!

:)

quinta-feira, 11 de março de 2010

"Quando é que nasce?"

É a pergunta que as futuras mamãs devem ouvir mais durante os longos (?) 9 meses lunares de gravidez.

Eu gostava de responder "Quanto Deus quiser!" ou "Quando o bebé quiser!"e arrumava o assunto. Quer dizer, senão está nas nossas mãos, o que interessa o que os médicos dizem? Aliás, o que interessa quando nasce? Parafraseando as nossas avós, o que interessa é que tenha saúde! :)

No entanto, o "hiper-pai" começa a stressar logo durante a gestação. E grande parte por culpa do consumismo desenfreado que vivemos. Senão reparem na quantidade de coisas e decisões que os pais modernos têm de fazer:
- nomes?
- nascer onde?
- fazer curso de preparação para o parto?
- preservação das células estaminais?
- alcofa, berço ou cama?
- tirar licença de maternidade curta ou longa? O pai também tira ou não?
- que livros de ajuda parental comprar?
- ...

Dica para os novos futuros pais: des-stressem!!!
Um bebé não é um gadget para o qual temos de ler as instruções todas! Claro que quanto mais informação, melhor a preparação, principalmente para o parto, mas não é preciso terem 3 sitios onde a criança vá dormir. Lembrem-se que aqui há uns (poucos!) anos os bebés dormiam em cestas de verga quando as mães andavam no campo a trabalhar. E a sociedade humana cresceu e continua a multiplicar-se!

Não vão comprar logo montanhas de roupa tamanho 0, termómetro para a água e banheira/balde para o banho, compressas, carro de passeio e marsúpio/pano! Aliás, párem de comprar coisas, ponto! O que interessa é a vossa experiência de gravidez que, acreditem, passa a correr. Terão muito tempo depois da criança nascer para comprar as coisas para ele. Tirem fotos, vão passear, mostrem orgulhosamente a vossa barriga. Pessoalmente acho que as mulheres têm um brilho especial quando estão grávidas. Aliás, nunca me senti tão bem como naqueles meses, à parte a azia constante e demais chatisses menores, é uma época muito especial. Nunca mais estaremos tão "próximas" de alguém como estamos do nosso bebé ainda por nascer. E isso é único!

O Gabriel estava prestes a nascer e ainda não tinhamos montado a cama dele. Eu dizia a brincar à Cristina que tinhamos (e temos!) uma cesta da roupa de plástico que é ideal para ele dormir. Era a brincar, mas se fosse preciso, qual era o mal de não ter a cama montada? Ou o quarto?



Relaxem! Mães, tirem 1 ou 2 meses antes do fim do tempo para descansar e preparar a vossa mente e a vossa vida para o pequeno ser humano que por aí vem. Está provado que as mulheres que tiram esse tempo para si mesmas têm menos probabilidade de desenvolverem depressão pós-parto pois psicologicamente estão mais seguras e confiantes. Façam Pilates, piscina e caminhadas. Conversem com outras grávidas mas, por favor, não liguem a todas as histórias de partos horripilantes que as mulheres tendem a contar umas às outras. Às vezes parecem que estão a contar episódios que viveram na guerra! Cada parto é um parto, cada mulher uma mulher, e lá por a vossa mãe ou avó ou prima ou amiga ter tido uma determinada experiência de parto, não quer dizer que vocês a vão ter também!

Entrem em "contacto" com o vosso bebé, conversem com ele, cantem para ele, leiam para ele, PENSEM para ele. As boas vibrações, os bons pensamentos e as boas sensações passam através da placenta como o fazem os nutrientes. Mas não o tentem proteger das coisas chatas! Se tiverem de gritar, gritem; se tiverem de se zangar, zanguem-se; se tiverem de chorar, chorem; se tiverem de viver um luto, vivam. Reprimir as coisas é pior para a criança que sentir que a mãe as está a viver plenamente, que está a lidar com elas. A minha avó faleceu estava no 3º mês de gestação, mas não foi por isso que deixei de ir ao velório e ao funeral. Doeu, claro que sim, mas a vida é feita de momentos de alegria e de dor. Porquê tentar que algo seja perfeito quando a vida não o é? Não pensem que a gravidez tem de ser um tempo de paz e harmonia pois só se vão desiludir. A vocês mesmas e à vossa criança.

Não comprem, vivam! E amem, divirtam-se e aproveitem.
São 9 luas que passam a voar... E o que importa são as boas recordações que ficamos delas.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Espermatozóide stressado??

Nesta senda de querermos tudo agora e já, até para ter filhos somos stressados. Quantos casais não há que, decidindo que querem ter um bebé, acham que vão engravidar logo na "primeira tentativa"?

Há alguns estudos que apontam para que, em média, um casal tenha de esperar 6 meses a 1 ano até conseguir engravidar. E isso se não levarmos em linha de conta o estado de saúde geral do casal, em que se inclui: idade, anos de toma de pílula, estilo de vida, nível de stress, dieta e, claro, fertilidade, que no geral é a ultima coisa a confirmar.

Mas neste mundo do prazer imediato, do consumismo desregrado, quando queremos uma coisa é bastante complicado ter de esperar por ela... por vezes durante anos. Quantos casais vão a uma consulta pré-concepção? Se calhar o número tem vindo a aumentar, mas esse tipo de consulta ainda é pouco conhecido da malta da nossa idade, com os seus 30 e poucos anos. E quando se pensa neste tipo de consulta, regra geral quem vai é a mulher. Nem passa pela cabeça de muita gente que o estado de saúde geral do homem pode ter alguma influência na própria concepção!

Senão, e só por curiosidade, vejam a lista de coisas que podem provocar uma baixa contagem de esperma (= dificuldade em engravidar):
- roupa interior apertada;
- tomar banho em água muito quente;
- excesso de peso;
- tabaco e álcool;
- excesso de exercício físico;
- stress mental;
- deficiência de zinco;

- infecções na próstata;
- uso de esteróides anabólicos ...


Se começamos a nossa vida "parental" stressados por querermos ser pais JÁ, então imaginem como será quando a criança de facto nascer...

A melhor receita, se é que isso de receita se aplica para algo tão pessoal, é conhecer bastante bem o ciclo fértil da mulher, levar uma vida saudável e não andar à procura que aconteça. É que "quanto mais se procura, menos se acha" e no dia em que menos se espera, o malandro do espermatozóide encontra o óvulo e... já está!! Bebé a caminho!!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Fazemos o melhor que podemos...

... e a mais não somos obrigados.
Pois, mas no caso de quem tem filhos, o melhor de nós parece que nunca é o suficiente. E não estou a falar de quando eles chegam à adolescência!

Quando eles nascem, se ficamos em casa a tomar conta deles, então somos umas mães chatas que não têm vida própria. Se voltamos ao trabalho, somos mães ausentes que delegam a educação dos filhos noutras pessoas. Se podemos e deixamos as crianças com as avós, somos irresponsáveis porque vamos deixar que cresçam demasiado mimados e sem o beneficio da interacção com outras crianças. Se os colocamos logo na creche, somos irresponsáveis pois não os protegemos nos primeiros tempos de vida das viroses que muitas crianças juntas tendem a originar.

Enfim, o sentimento de culpa está sempre ligado ao facto de se ter querido pôr uma criança neste mundo. E há 3 opções para lidar com isso:
1 - não lidamos e passamos esses sentimentos para segundo plano, enterramo-los no fundo do nosso inconsciente e esperamos que tudo corra pelo melhor;
2 - encontramos um equilíbrio em que aceitamos que não conseguimos fazer melhor, mas damos o melhor de nós ou;
3 - fazemos os nossos filhos "pagar" pela nossa culpa, inundando-os de coisas, actividades, ocupações, preocupações e gadgets que eles nem deviam usar antes dos 15, porque assim minimizamos o que de mau cá vai dentro.

Estes últimos são os hiper-pais (de "hyper-parenting") que, tal como quem hiperventila, têm ataques de ansiedade de cada vez que o filho de 6 anos se esquece do telemóvel em casa, ou que não consegue imaginar um dia em que o petiz de 4 não tenha uma qualquer actividade extra-curricular (inglês, equitação, música, natação, judo...?).

Mas porquê? Ora, isso daria (e já deu) para escrever um livro! O importante é fazer um "time-out", dar um passo atrás, ver como quem está de fora e pensar: sou um hiper-pai?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O que é o "Slow parenting"?

Basicamente, é uma parte do "Slow movement" (http://www.slowmovement.com), que não é nada mais nada menos que voltar a ter descontracção no quotidiano. E isto traduz-se geralmente no desacelerar o ritmo do dia a dia, "des-stressar" ao máximo das responsabilidades, dos horários, dos chefes, dos colaboradores, da comida, da diversão... voltar a ligar-se a si mesmo, aos outros e à Natureza.

O "Slow parenting" é uma parte do Movimento específica, claro está, para os pais, quer sejam novos quer já com alguma rodagem. Defende que as crianças devem crescer e desenvolver-se livremente e ao seu próprio ritmo, com poucas actividades orientadas e organizadas pelos adultos. Vai contra a tendência global de organizar os horários extra-curriculares das crianças, de resolver os problemas pelas crianças e contratar serviços em vez de deixar as crianças à vontade.

Não é uma metodologia consensual e há muitos que a vêem como uma forma de laxismo, de "deixa andar", de desinteresse pelo desenvolvimento "normal" das crianças, em que elas pouco são estimuladas. Nada mais errado. É sim o respeito pela criança, pela infância única dos nossos filhos e a vontade de não os assoberbar de actividades que nós, adultos, gostaríamos de ter mas não temos tempo. É questionar o status quo dos programas curriculares uniformes que não deixam espaço à imaginação e à diferença, quer de interesses quer de tempos de aprendizagem.

Este blog propõe-se ser um aglutinador de ideias e conceitos do Movimento "Slow parenting", para o desmistificar e promover.

Bem Vindos!