Depois de muito tempo sem por cá pôr os dedos, cá "estemos". Nada melhor que umas merecidas, relaxantes e longas férias (forçadas para alguns...) para pormos a escrita em dia e contar as novidades parentais... :)
É que isto de férias não é uma coisa assim tão simples. Afinal, quem tem de se preocupar apenas consigo mesmo ou, no máximo, com a cara-metade, tem a coisa ligeiramente facilitada. Faça-se um orçamento, discutam-se planos e sonhos de viagens, vejam-se os dias que cada um dispõe, o "conduzes tu ou eu?" ou então o "vamos em low cost ou queres antes viajar com qualidade?"... Essas dúvidas tão pertinentes e que, às tantas, são metade da piada de ir de férias.
Mas quando se tem uma criança..... Ai minha mãe! E minha sogra também! Sim, porque se não levamos em linha de conta que os avós também querem ter o seu quality time com os netos e não passamos com eles nem que seja uns dias, cai o Carmo, a Trindade, a Sé e mais algumas igrejas da Baixa de Lisboa, de tão forte o terramoto emocional!
E esqueçam o argumento de que, no nosso caso pelo menos, as avós até tinham o netinho durante o dia, todos os dias, enquanto os papás estavam na longínqua Lisboa (afinal demoramos tanto tempo de transportes para lá chegar como apanhar o avião e chegar a Londres...). Não, esse argumento não pega porque.... enfim, não há porquê, simplesmente não pega!
É que férias são férias, caramba! Queremos ter o nosso pequeno connosco, nem que seja nestas miseras semanas de descanso... ou queremos mesmo? E aqui salta o slow parent que há em nós.
Vamos recordar, por breves instantes, as belas férias da nossa infância... Que as há para todos os gostos e feitios, sem dúvida. No entanto, e quando comparamos os cromos das memórias infantis, entre o nosso agregado familiar há uma diferença abismal: um participou em colónias de férias e o outro não. E isso, my friends, muda TUDO! É que aqueles singelos 15 dias sem a entidade parental, eram pura delicia! Não interessa se entre esses 15 dias se metia um fim-de-semana em que os pais iam visitar os petizes! Os restantes, vá, 14 dias, eram a liberdade!!! Com regras, claro, que ninguém pense que as colónias de férias, pelo menos há cerca de 20 anos atrás, eram um bandalho, que não eram! Mas eram regras de outras pessoas que não as mesmas 2 de sempre; e saía-se da rotina, espairecia-se um pouco, mudavam-se os ares (para ares de dormitórios bafientos, é certo!) e apanhava-se um bronze fantástico de tanto mar e tanta piscina.
Os outros, os que tinham pais para quem férias significava, invariavelmente, ir "para a terra", esses também mudavam de ares e de caras (embora as duas principais continuassem lá...), ainda mais quando as famílias eram grandes e havia sempre 2 ou 3 primos para entrar nas brincadeiras. Só que, visto à luz da distância do tempo, não sei se, tivessemos nós tido voto na matéria, não escolheriamos, na maior parte dos casos, a primeira situação.
Será que ainda hoje nos pareceria cruel "enviar" um pequenote de 5 ou 6 anos para uma colónia de férias? E pôr a coisa ao contrário: pareceria-nos a nós mal deixarmos o pequenote e irmos nós de férias?
Se a resposta à 2ª pergunta é SIM, então boa noite, não precisam ler mais.
Se ficam na dúvida ou se a resposta é NÃO.... Bem-vindo ao clube dos Destressados!
Pois que fomos para Itália, sim senhor! Fomos de 6 a 15, visitar as belas vistas de Assis, beber da espiritualidade franciscana na fonte, partilhar emoções (e pizzas e gelados e melgas mutantes e dores de pés e muito calor...) com um bando de gente, passear por ruas medievais e bosques centenários, dizer grazie e resistir à tentação de explicar o que é prego em Português (e pode ser tanta coisa...) e fomos só nós os 2. Sem dó nem piedade! Ora pois é!
Bem... também não foi assim tão fácil! Afinal, o puto tem ano e meio, tá giro que se farta, anda na fase engraçada de tentar dizer tudo o que ouve e saem coisas como "papo" quando quer dizer sapo e copo e sapato... Não foi nada engraçado deixa-lo!
Mas a verdade é que se ele fosse não ía aproveitar nada, nós não íamos aproveitar nada e o restante bando não ía ficar muito contente de cada vez que tivessemos de parar para mudar uma fraldita cagada...
Então o "piqueno" ficou entregue nas mãos muito capazes dos avós que deliraram com a possibilidade de o mimar... perdão, cuidar durante uma semanita. E sabem que mais? It was gooooood! (Jim Carrey em Bruce, o Todo-Poderoso).
Na verdade, as férias em familia são uma invensão moderna e muitas vezes pouco concretizavel. Claro que passamos o ano a trabalhar e longe uns dos outros no dia a dia. Então quem diz que durante aquelas 2 ou 3 semanas, temos de nos aguentar 24/24h e pacificamente?? Quem é que inventou isso?? Porque é nas férias que vamos ter disposição de ver 50 vezes os episódios do Pocoyo? Ou que vamos ter paciência para as músicas da Hannah durante toda a viagem até ao Algarve? Ou para aturar a montanha russa de humores de quem tem 16 anos e sabe tudo e não gosta de acampar porque não pode ver os Morangos ou actualizar o Facebook porque ainda não tem o telemóvel porreiro porque os pais são "xungas"? Ou os gostos/hábitos/horários alimentares dos filhos trintões que têm as próprias rotinas e nas férias acham que as nossas são pirosas e antiquadas e chatas?? ISTO é férias??!!
Bem... sim, se sofremos de algum mal maso-idealista tipo "a nossa família é perfeita, damo-nos todos super bem a todas as horas e aguentamos 3 semanas juntinhos!!". Para os restantes mortais há uma solução melhor: ir de FÉRIAS!!!
Deixar os putos com os avós 1 semana e ir curtir! Ou pô-los num dos inúmeros programas para crianças e jovens que há por aí (por exemplo http://www.upaje.pt/CamposdeF%C3%A9rias/Residenciais/Ver%C3%A3o/tabid/275/Default.aspx ou tantos tantos outros...) e ir curtir. Resumindo: ir curtir! Nem que seja preciso gastar o subsidio de ferias nas férias deles e passar esse tempo em casa ou a ir à praia na Costa de Caparica! Não interessa! O que importa é que eles divertem-se e trazem montes de coisas para partilhar, vêm com as baterias recarregadas de tanto apanhar sol, vêm com novos amigos, se calhar aprenderam algo novo e nós... descansamos que é para isso que as férias servem! E arranjamos paciência e vontade para ver mais uma vez o Nemo...
Boas férias!! :D
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Férias em familia...???
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1 comentário:
Haja alguém que tem a coragem de assumir as coisas como elas são... férias com os pais pode ser um tédio desgraçado, ainda pior que o resto do ano, especialmente quando se é filho único! Para além disso, a distância (em doses certas) reforça os laços, a individualidade e a vontade de partilhar experiências. Concordo que não temos de viver agarrados uns outros; por vezes é preciso espaço e liberdade para viver as nossas experiências. E os pais passam automaticamente a ser super cool e invejados pelos nossos amigos :)
Um beijo enorme!
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