quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Há hospitais e há Hospitais.

Isto não é uma critica. A sério que não é! Só que o programa de estreia da Conceição Lino na SIC foi, para mim, um bocadito... vá, estranho!

Partos em directo, desde Beja e do Santa Maria em Lisboa!! O Santa Maria, ainda por cima, hospital onde fui seguida na grande parte do tempo de gestação do Gabriel, mas onde eu não escolheria para o parir a não ser por algo mesmo, mesmo, MESMO específico! Nada de errado com o Sta Maria, atenção! Só que faz parte da minha Universidade, e tá tudo dito. É um hospital Universitário, onde há "meninos doutores" por tudo quanto é lado... Para terem uma noção, durante o tempo em que lá fui, não fui observada pelo mesmo médico 1 única vez!! Valia as enfermeiras serem as mesmas, senão....

De facto fazem falta os hospitais universitários, senão onde treinariam os médicos?? Mas hospitais universitários onde a mulher ainda tem de parir deitada com as pernas nos apoios?? E onde é consentida uma emissão em directo?? Claro que houve consentimento dos pais (digo eu!) e que, com certeza, aquela mãe que estava roxa de fazer força não se importou nada de, entre contracções, ter um microfone da jornalista enfiado à frente do nariz a perguntar se estava ansiosa por ter a menina nos braços. Pois....

Não sei, fez-me espécie. É que parece que o mundo dos partos se separa cada vez mais diametralmente: de um lado os que querem ter um parto sossegado em casa, o menos manipulado possivel, em que se houver gravações é para consumo próprio, em que não há muitas mãos a mexer "lá em baixo", onde não nos OBRIGAM a deitar para parir (porque é mais confortável para os médicos e para mais ninguém!), onde o nosso bebé não sai de perto de nós, onde é colocado à mama logo no recobro....
Do outro lado, os que acham que os médicos é que sabem o melhor para a mãe e restantes familiares, onde na sala de parto há 1 enfermeira, 1 anestesista, 2 médicas a mandar fazer força "lá em baixo" (com epidural as mulheres têm de ser "orientadas" assim) e 1 equipa de reportagem, em que havia um telemóvel a tocar e em que a bebé é tirada da vista da mãe imediatamente a seguir ao parto (para a sala dos recém-nascidos, disseram...). É pá, funcionou para a sra? Que bom!

A mim meteu-me muita confusão! Eu que tive numa salinha de partos só com a companhia de 1 mesma enfermeira-parteira e do papá Bruno, com musiquinha fixe,  que fizeram o "toque" mais amiúde e por outra enfermeira quando viram que a coisa podia não desenrolar, eu que senti onde e quando tinha de fazer força, que estive numa posição mais ou menos confortável (semi-cócoras, com o rabo ao pé dos pés), ver aquilo tudo pareceu-me esquisito!

Será que as grávidas que estavam no programa sabem que podem ter um parto diferente? Será que sabem que muito do que se passou naquele parto é desaconselhado pela OMS? Não percebi.

Depois foi a entrevista a recém mamãs na MAC (Maternidade Alfredo da Costa) onde se viu uma enfermaria com 8, sim 8, camas. Caramba! Eu não sabia que era assim mesmo um "aviário" como se costuma dizer a brincar. É que no Hospital do Barreiro a minha enfermaria tinha 3 camas... E na altura as condições não me pareceram nada de especial (aquela casa de banho, arghhhhhhhhhhh!!). Mas comparando, parece que estive numa suite!

Bem, passo a publicidade à Conceição Lino (que de jornalista séria passa a Júlia Pinheiro 2! Espero que lhe estejam a pagar mesmo bem!) e se tiverem vontade de ver o programa, está disponível no site oficial...

Vá lá mulheres! Informem-se melhor! O parto dos vossos filhos é vosso também! E nunca mais o vão esquecer!!

Ah, e sim sou membro da HUMPAR!
http://www.humpar.org/comunicado-ao-programa-boa-tarde.html

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

As mamas são MINHAS! Certo?...

Toda a gente sabe que a amamentação é o melhor para a mãe e para o bebé. Toda a gente sabe que a amamentação cria laços emocionais; que dá ao bebé as defesas que ele precisa para os primeiros tempos de vida; que permite à mãe recuperar a forma física mais rapidamente... Bem, nem toda a gente sabe. E parece que muitos médicos sãos os que menos sabem acerca do assunto.

Afinal, porquê amamentar quando dar o birerão é mais giro? A maioria das raparigas da minha idade cresceram com Nenucos e os seus acessórios, onde estava a chucha (outro objecto mítico!) e o biberão miniatura. Nós crescemos com isso no nosso imaginario.

Depois vem a questão social. Dar de mamar em sitio publico é embaraçoso! Pôr as nossas mamas ao ar assim, no meio da rua?! Credo! Muito mais fácil andar com biberão, garrafinha térmica para a água, caixinha com o leite em pó e eu sei lá que demais parafernália atrás! É raro ver uma mulher a amamentar num restaurante ou num parque. E é uma pena.


Estive com uma mãe há coisa de um mês que se queixava que em 6 dias já tinha passado por muito com gretas e feridas. Ela dizia que entre a bomba e mamadas, lá ía conseguindo aguentar. Outra amiga teve tantos problemas que de cada vez que amamentava o filho tinha de morder num anel de borracha para não gritar de dores. Mas amamentou o filho.
Admiro estas pessoas que sofrem mas ainda assim perseveram, porque qualquer um pode ir a um supermercado comprar uma lata de leite. Poucos são os que se mantêm firmes no intuito de que amamentar é, de facto, o melhor. É que é preciso muita força de vontade!

Eu compreendo, a sério que compreendo! Afinal, quando uma criança pequena acaba de mamar e continua a chorar convulsivamente, não seria mais fácil passar logo ao plano B e enfiar com uns bem medidos 150ml de leite no bucho? Sim, porque sabemos lá nós a quantidade de leite que o bebé mama à mama (disseram-me isto tanta vez quando o Gabriel tinha crises de cólicas...). No entanto, aquilo em que acredito, é que os bebés muitas vezes choram porque há algo que os incomoda e não tem nada a ver com fome. E há um teste muito simples para isso no inicio da sua vida: a balança! Se o bebé está a aumentar de peso é porque está a receber todo o leite de que precisa! Se chora depois de mamar e havendo a certeza de que estava mesmo a mamar (e não a chuchar), então não é de fome.

E nem me falem no laço com o pai. É que com biberão o pai também pode participar na alimentação do filho logo que nasce... Mas das milhentas coisas que há para fazer com um bebé, porque hão-de  imiscuir-se naquela que é exclusiva da mãe?? Toda a gente pode dar banho, embalar, mudar a fralda, deitar, ler histórias, cantar, brincar com o bebé. Mas só a mãe pode amamentar.

A minha história, neste aspecto, é uma seca. Amamentação completamente sem espinhas durante os 18 meses que durou e os biberãos que nos ofereceram serviram apenas quando o Gabriel começou a ficar com as avós. Sim, sou apologista da amamentação prolongada, sou contra o leite de vaca consumido por humanos e sou apologista de que, enquanto der, houver e a criança quiser, que haja mama! Nem que seja, como nós, de 1:30h em 1:30h! Porque, sabem, os bebés não sabem o que é o tempo e não sabem ver as horas. Lá porque o nosso médico diz que se deve dar de mamar apenas de 3 em 3h não quer dizer que o nosso bebé vá nessa conversa. :) E muitas vezes não vai!

Tenho pena quando conheço mães que desistem. Há várias razões para isso e, como disse acima, compreendo completamente. Mas tenho pena. É que não poupam umas largas dezenas de €, andam carregadas de tralha atrás e não têm a fantástica sensação de "levar o menino ao peito".

Estas fotos foram tiradas na Feira de Santarém, há um ano. Foram elas a minha inspiração....