segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Qual a diferença entre 25 e 27 de Outubro de 2012?

O titulo parece uma daquelas perguntas tipo "Qual a pata direita do cavalo de D. José?", isto é, uma pergunta dahhh!
Mas não é! A diferença entre estes dois dias é que no meio (26 de Out) o Gil fez 6 meses. Wow, já?!?
É verdade, já! E qual a diferença, para o Sr Gil, entre esses 3 dias?

Pois... Nenhuma!

Os bebés não têm relógio incorporado muito menos calendário. Então o porquê do stress com os 6 meses de amamentação em exclusivo?? Não sei...

Ou somos 8 ou 80. Há médicos que com 4 meses já andam a falar em sólidos, mesmo que a mãe esteja em casa com o bebé. Há outros que nem ver sólidos até aos 6 meses...
Só que os 6 meses do Gil, que nasceu de termo (40 s + 4 dias), de forma espontânea e natural, com 4,450kg é estupidamente diferente de um bebé que nasceu de 38 s (ou prematuro), de parto induzido ou cesariana programada, com menos de 3kg. Ou pensamos mesmo que um bebé que nasceu com (quase) metade do peso do Gil, aos 6 meses tem o mesmo desenvolvimento interno e necessidade nutricional? Pensemos um bocadinho, sim?

É certo que a OMS, a UNICEF e a LLLI recomendam que a amamentação se faça em exclusivo até metade do 1º ano de vida do bebé. No entanto também aconselham a amamentação em livre demanda, sendo para isso importantíssimo conhecer as "dicas" que o bebé dá para percebermos quando quer mamar ou quando, por ex., tem a fralda suja.
Se isto é assim, então quando começamos a ver indícios de que o nosso bebé está preparado para mais comida, temos de fechar os olhos porque ainda não tem 6 meses? Ou, pelo contrário, porque já tem os 6 meses tem de obrigatoriamente comer sólidos quando o bebé não está preparado para isso? É que as instituições acima mencionadas chamam os sólidos complementary food, o que significa que complementam o leite materno. Se o bebé não quer/precisa mais que leite materno, temos de o obrigar?


De minha parte, quer o Gabriel quer o Gil se mostraram interessados pela comida mais cedo que os 6 meses. E se para o Gabriel até deu jeito introduzir as sopas aos 4 meses porque eu voltei a trabalhar, com o Gil (em que estive em casa até mesmo aos 6 meses dele) teve de ser porque ninguém o calava à hora da nossa refeição! E isto depois de ter mamado (e bem)  minutos antes!



 E depois foi ver a felicidade dele ao pegar numa simples maçã e perceber que aquilo sabia bem! Oh, é por isso que os crescidos levam estas coisas à boca!!

Começou a "roer" fruta pelos 5 meses e 2 semanas e depois fomos calmamente introduzindo a sopa à hora de refeição. Cumprimos +/- o que nos indicaram no centro de saúde, em relação aos verdes  introduzidos 1 de cada vez e etc, mas com uma grande descontracção porque o rapaz parece já saber (e bem!) o que quer comer. E a história de ser só 2 refeições por dia até aos 7 meses, tá bem tá! Digam lá ao rapaz que tem de se contentar com fruta ou o que for quanto os pais e o mano jantam! É que não se cala nem por molho de tomate!

E as papas? Pois, eu gosto imenso de papa. A sério, gosto mesmo daquilo! E porquê? Porque, como a imagem abaixo demonstra, 10% (!!!!) é açúcar (o nome "fino" do açúcar é sacarose, sendo que frutose é o açúcar da fruta).



Mas os médicos dizem para evitar o sal e o açúcar na comida dos bebés, certo? Então e depois aconselham papa?? Há por aí papas sem açúcar? Eu ainda não as vi, e se eu gosto de ver os ingredientes nas caixas! A imagem acima até é de uma "marca branca", mas não me digam que as grandes marcas não põem açúcar nas papas porque basta ir ali ao supermercado confirmar!
E depois ouço/leio os pais a dizer que os bebés comem muito bem a papa mas sopa, nem vê-la. PUDERA!!!! Os bebés são bebés, não são burros!!! Se tens um chocolate por um lado e uma folha de alface no outro, escolhes a alface, não? Pois, certo!!

Por isso, cá em casa comemos papa sim: eu (sem necessidade nenhuma) e o Gabriel (para alternar com os cereais). Porque, se pensarmos bem no assunto, os bebés têm um palato muito "limpo". Se lhe introduzirmos os alimentos na sua forma mais natural, mais simples, é a isso que eles se vão habituar. Vão ter tempo de comer chocolates e açúcar a rodos pela vida toda! Por agora, o Gil delira com um bocado de pão, brócolos com batata e cenoura e pêra esmagada com o garfo.

Simple is best! E para quê complicar quando os bebés são tão simples? Só querem sentir-se confortáveis e isso inclui roupa seca, barriga cheia e carinho+amor+mimo em quantidades industriais!! :) Fácil!




terça-feira, 15 de maio de 2012

Our underwater love!

É só ver nos vários blogs de mamãs que há pela net, na sua maioria ingleses ou norte-americanos, para ler histórias de partos. Há para todos os gostos: os holisticos; os "orgásmicos"; os naturais; os planeados; os em casa; os nos hospitais "amigos" e não tão "amigos"; os não assistidos e os assistidos em directo no YouTube... É escolher, senhores e senhoras, é escolher!

Os relatos dos partos são como histórias de guerra: cada "soldado" quer partilhar aquilo pelo que passou, descrito ao mais infimo pormenor, quanto mais sangrento e fantástico melhor. E quem está grávida, ao ler estes relatos, seja qual for o "tipo de parto", tem 1 de 2 pensamentos: quem me dera que o meu seja assim OU espero bem que o meu não seja assim.

Acredito, no entanto, que os relatos servem, se para mais nada, para uma coisa importante: para que as mulheres percebam que os partos não têm de necessariamente ser como aparecem nos filmes/séries/novelas e que, sim, nós podemos fazer escolhas e tomar decisões acerca do nosso parto, do nosso corpo e do do nosso filho. Cada vez mais há que respeitar o que nós, enquanto mães e mulheres queremos, nem que para isso seja necessário mudar de obstetra várias vezes até encontrar o que nos aceita, acolhe e compreende, ou mandar os "especialistas" às urtigas e ficar pelo nosso médico de família, que é para isso que ele serve. Já agora, sabem que é obrigatório o Centro de Saúde onde estamos inscritos nos arranjar médico de família quando estamos grávidas? Pois é. Se não têm médico de família, por norma passam a ter, a não ser que o Centro funcione mesmo, mesmo, mesmo mal!

Posto isto, esta é a história do inicio da vida extra-uterina do Gil. Depois de um parto, enfim, "o melhor que se pôde arranjar" no Hospital do Barreiro, queríamos muito que este bebé nascesse de forma... melhor, a nosso ver. Preparamo-nos para o ter em Setúbal, de preferência na água. Não era essencial, não era obrigatório e estavamos prontos a aceitar o que fosse necessário para que ele nascesse em segurança... Mas se pudesse ser na água...

Preparamos um Plano de Parto para o que desse e viesse e aguardamos, pacientemente, que o dia chegasse.

Este é o Gil comigo, 24 horas antes de nascer.
Tinha 40 semanas e 3 dias. No feriado do 25 de Abril, mesmo com o tempo cinzento que estava, resolvemos ir dar um passeio até à praia da Lagoa de Albufeira. Estava um vento fortissimo (como se pode ver pelo magnifico penteado) mas isso não impediu o Gabriel, o Bruno e nós os 2 de caminhar pelo areal todo, desde a Lagoa até ao mar, ver o pessoal do surf, do Kitesurf e da ameijoa a curtir o "dia da Liberdade".

Terá sido da caminhada? Terá sido simplesmente porque chegou a hora e pronto? Não sei nem nunca vou saber e, sinceramente, interessa??
Por volta das 3:30 da manhã acordei com contracções um "bocadinho" mais dolorosas que o normal. Esperei deitadita para ver se era só uma ou se havia algum ritmo na coisa. Havia. Deitada era impossível, por isso levantei-me e andei pela casa a fazer isto e aquilo. Só pensava que era óptimo ter começado, que finalmente iria ver o novo "rebento", mas que, por favor, tinha de dar tempo para despachar o Gabriel e ele ir para a escola! E deu!
Pelas 6:30 estava sentada na cama, respirando quando as contracções vinham (de 4 em 4 min) e imaginando que eram ondas do mar que cada vez que vinham traziam mais para perto o meu bebé que estava ali mesmo, na linha do horizonte. Entre uma e outra, ía dormitando. Nunca pensei que desse para dormir de 4 minutos intercalados com contracções, mas dá até para sonhar!
O despertador do Bruno tocou e antes que ele voltasse a adormecer, atirei-lhe a frase: "Amor, boas noticias! Hoje não vais trabalhar!". Ele quase ficou sentado na cama! Perguntou quando tinham rebentado as águas (não tinham) e de quanto em quanto tempo estavam. Relaxa, disse eu. Dá tempo para tudo!

Não sei como eu sabia, mas sabia que dava. Ele despachou o Gabriel e levou-o para a escola; acabou de tratar das malas, ajudou-me a vestir e calçar (como 4 minutos passam tão depressa quando queremos calçar meias e descer escadas) e fomos para o carro. "Dá tempo para chegar a Setúbal?" perguntou ele. Dá sim, respondo eu. Descansa que não vou parir o miúdo no carro.

Quando chegamos a Setúbal, a urgência de obstetricia está um caos. Tudo porque os Srs Drs acham por bem mandar as grávidas àquele serviço fazer CTG (eles só têm 1 aparelho disponível). Claro que passei à frente mas, horror dos horrores, a médica que me admite e examina diz que tenho o colo do útero permeável mas fechado! Fechado?! Como fechado?? Com ESTAS contracções?? A mulher está xéxé, só pode. Isto, claro, são palavras ditas na minha cabeça, porque para fora só respondo às perguntas que me fazem e respiro, respiro, respiro (olha as aulas de Yoga a render aqui!!). A Enf. Margarida traça um quadro desanimador: parto na água, com cesariana anterior, bebé no percentil 75-90 às 32 semanas e colo fechado?? "Querida, prepare-se para desistir dessa ideia!". Sim, claro, estamos preparados para tudo, respondo eu. E estava! Mas também sou pessoa de ideias fixas.

CTG durante 20 min para ver a contractabilidade (forte) e o ritmo cardiaco fetal (óptimo). A Enf. Margarida passa-me para a Enf. Sofia me fazer a "entrevista de internamento" a qual eu suporto (respirando, onda que vai e que vem, bebé quase na rebentação) até que uma contracção me faz sentir vontade de fazer força. Bolas! JÁ?? Digo-lhe que com estas contracções, quando foi do Gabriel, estava com 7 cm de dilatação. É impossível ter o colo fechado ainda! Ela (uma super querida) diz que já vamos ver isso, que estou a fazer tudo muito bem e que a papelada está quase a terminar.

Termina, passo para a "sala de dilatação" (enquanto o Bruno sua cá fora ao pé das outras grávidas todas). Novo toque: bolsa intacta e proeminente, cabeça encaixada e 7 cm de dilatação! A Enf. Sofia faz um sorriso de orelha a orelha e pergunta à Margarida "Posso dizer-lhes para começar a encher a banheira???". Ela responde "Podes, mais que não seja para o resto da dilatação!". Pouco crente, a Enf. Margarida. :)

Cadeira de rodas? Não obrigada, vou devagar mas vou a caminhar. Afinal é só um corredor... e muitas contracções! "Você é um exemplo para estas grávidas" diz a enfermeira, alto e em bom som, "quase com a dilatação completa e está aqui a portar-se lindamente! Vejam bem, senhoras! Aprendam!". De facto, o que eu mais queria era servir de "exemplo" naquela altura... Certo! :P

Bloco de partos. Instalada na Sala de partos "natural": WC com duche, bola de partos e marquesa que se transforma em "cadeira de partos". Bruno sai para pôr moedas no parquímetro. "Despacha-te ou já não chegas a tempo!!" A fase de transição é mesmo lixada, coitado dele! Mas chegou a tempo.
Enf. Vitor vem verificar a situação. Ok, a banheira está a encher, por isso CTG para confirmar se tá tudo ok e se temos tempo. "Quer a bola?". Oh, SIM!! Maravilhosa bola!! Ossos da bacia gritam de alivio, articulações das pernas relaxam, onda vai, onda vem... bebé na rebentação.

Começo a sentir vontade de fazer força a cada "onda" que vem. Embora conscientemente não faça força, controlando com respiração, o próprio corpo age sozinho. Enf. Celeste (a "minha" enf  para o parto) diz q é o corpo a ajudar o bebé a descer, a encaixar. Diz que a banheira está quase cheia de água (eu ouço-a a correr na sala ao lado e soube mais tarde que até baldes usaram para conseguir encher o mínimo para nós entrarmos). Será também o som da água a cair que faz com que as coisas acelerem? Não sei. Sinto que as Enfs Sofia e Celeste estão um pouco aflitas com a questão da água, querem que a banheira encha e depressa. Quero dizer-lhes que não faz mal, que há tempo, mas a verdade é que as contracções estão cada vez mais próximas e a vontade de fazer força é cada vez maior. Já não consigo resistir a gritar quando a vontade vem e é mesmo com muita força mental que me obrigo a relaxar e não fazer força JÁ!

Finalmente o Enf. Vitor entra e diz que está tudo pronto. Pergunta se me pode tocar para perceber como estão as coisas e, vendo que está tudo ok, vamos para a banheira, já não para fazer a dilatação mas para o parto. Percebo isso quando ele diz às enfermeiras para trazerem tudo o que é necessário. Acho que elas ainda estavam a pensar que a dilatação não estava completa.

Entrar dentro de água... como descrever a sensação?? Água quente faz com que tudo derreta e evapore: as articulações, a bacia, o cóccix, os músculos. Bliss, pure bliss! Relaxo e no segundo seguinte a bolsa rompe num jacto de água amarelada que se mistura com a outra. Só me lembro de pensar que não há mecónio. Boa!

Dou-me conta que alguém fala em fotos e vídeo, mas eu estou na "partolândia", só estou segura da presença do Bruno atrás de mim (fora de água), das contracções (vagas de 5 m, bebé quase na areia) e do chato do enfermeiro que me vai dando indicações, do tipo "Relaxa. Respira fundo agora. Usa a força lá em baixo. Queres mudar de posição?". Mudo. Fico de joelhos com os braços apoiados no Bruno, mas não dá. Dói mais, é mais desconfortável, o bebé não quer. Mais duas contracções volto a sentar com as pernas esticadas e sinto o "anel de fogo". A cabeça chegou "à porta"; entramos na reta final.

Ok, this is it. Penso que está quase a acabar, vou ver o meu puto mesmo em breve, que tenho de fazer força mas não muita para não rasgar, que tenho de fazer forcinha forcinha e respirar e ele faz o resto, que foi para isto que nos preparámos, eu e ele. Aqui vamos nós!!!

A cabeça sai! Sensação gloriosa!!! Toco no cabelito dele, sinto-o a mexer dentro de mim, a virar, a preparar-se para sair todo. Sei que não há circulares, tudo está bem com o ritmo cardiaco dele. É agora! Mais uma! Só mais uma com toda a força!




Soube depois que entramos na banheira por volta das 12h. Ele nasceu às 12:39. Tinha o cordão muito curto: não podia subir mais que o nível do meu estômago ou sentia-o puxar "lá dentro".
Mal chorou. Tinha os olhos muito abertos, umas bochechas deliciosas e um cheiro fantástico, indescritível. De todas as sensações acho que é o cheiro que mais me fica na memória. O cheiro do meu filho nascido na água. Decidimos o nome: bonacheirão, bem disposto e chegado através da água. Gil.

Só quando foi altura de cortar o cordão (pelo Bruno) é que "acordei" e vi quem estava à minha volta. Ficamos dentro de água mais uns minutos, mas eu queria pô-lo à mama e decidimos sair. Regressei à cadeira de parto para sair a placenta e fazer a verificação "lá em baixo". 4 pontos. Depois dos 30 agrafos da cesariana do Gabriel, 4 pontitos?? É na boa!

O Bruno vestiu-o. Foi quando chorou a sério pela primeira vez. Por mim tinha ficado só com a fraldita, mas há coisas que nem nos partos naturais o pessoal médico ainda aceita. Mesmo com ele a receber o meu calor corporal, não deixam de insistir para que os bebés sejam vestidos. Há coisas piores.


Foram ter comigo e pesaram-no. 4,460kg. Ficou toda a gente de boca aberta. Um bebé de termo, com quase 4,5kg, parto normal, natural, depois de uma cesariana e com trabalho de parto de 9 horas?? Acho que ninguém estava à espera que assim fosse.

A não ser nós.

O Gil mamou pela primeira vez talvez com meia hora de vida, ainda meio húmido e com a pele coberta de vérnix. Desde então ainda não meteu mais nada no estômago a não ser o meu leite.



Correu tudo como nós queríamos? Acho que podemos dizer que em 90% sim. Haveria sempre coisas que eu, à distância de 15 dias como agora, procuraria mudar, mas nada que alterasse o resultado final: um parto que me deixou a sentir realizada, satisfeita e muito, muito contente. Claro que, nos bastidores, há sempre coisas que podiam ser melhores ou que se não nos tivéssemos dado conta da sua existência, ficaríamos mais felizes. Mas os bastidores fazem parte dos partos hospitalares e temos de aceitar isso, principalmente quando tudo o resto é tão do nosso agrado.

Como foi possível um trabalho de parto que, de uma hora para a outra, passamos de colo do útero fechado para 7 cm de dilatação? Terá sido má interpretação da médica que me observou primeiro? Terá sido do chá de folha de framboeseira que fui tomando no fim da gravidez que tornou as contracções mais eficazes? Terá sido, como o Bruno diz, pura força de vontade mental? Ou terá sido da quantidade de gente a desejar-me "uma hora pequenina"? Não sei. Sei que não estava à espera que fosse tão rápido mas fiquei contente por ter sido exatamente como foi.

Obrigada às enfermeiras Sofia e Celeste que nos acompanharam e apoiaram e ao enf Vitor por ter sido o mentor deste projeto no Hospital de Setúbal e pelas palavras precisas que foi dizendo e que ajudaram num ou noutro momento. Aliás, a equipa de enfermagem foi toda 5 estrelas, mais uma vez demonstrando que bastam eles para assistir a partos de baixo risco. Porque este parto foi mesmo e apenas isso: assistido. Todas as intervenções que não estavam previstas no nosso Plano de Parto foram autorizadas por nós (nós pedimos que assim fosse. Chama-se consentimento informado) e não fizeram mais que "dar uma mão" quando foi necessário.

Uma nota final para dizer que a Enf. Margarida me veio pedir desculpa no recobro por ter tido um prognostico tão negativista e dar os parabéns pelo parto que tive. Acho que o nosso parto veio reforçar a ideia de que é possível parir bebés grandes com o mínimo de trauma, de forma natural, quer se use ou não a água.

Gil & Gil :D

Por mim, depois deste, fico com a ideia que não me importo nada que venha o próximo! Desde que haja água! :D

sexta-feira, 23 de março de 2012

Amamentar como uma arte...






Acabei de ler este livro e adorei! Fiquei mesmo a pensar "Se eu tivesse lido isto antes do Gabriel nascer, acho que as coisas teriam corrido de forma ainda mais suave". Não que tenha tido uma má experiência de amamentação, muito, muito longe disso. Mas porque, ainda assim, me deixei levar por comentários e criticas que hoje, depois de ver as justificações cientificas deste livro, teria sido muito mais fácil suportar. E as cólicas?! Acredito que essas não teriam tido o impacto que tiveram!

O livro fala muito mais do que acerca "só" da amamentação. Fala também do processo fisiológico do parto, das emoções envolvidas nas primeiras semanas pós-parto e de tudo (ou quase) o que uma jovem mãe, ainda por cima de primeira viagem, costuma ouvir, quer acerca da amamentação quer acerca de tanta, tanta outra coisa. Um pequeno exemplo, que eu tomei a liberdade de traduzir livremente, é este:

Dez coisas que não se dizem a uma recém-mãe que amamenta:
1. Ele está a mamar outra vez??
2. Ele só te está a usar como chucha.
3. Deixa-me dar um biberão ao bebé para poderes tratar das coisas de casa.
4. Talvez tenhas leite fraco.
5. Na nossa família nunca tivemos leite suficiente.
6. Mamas desse tamanho fazem leite suficiente?
7. Se vais voltar para o trabalho, não o devias habituar a beber biberão dado por outra pessoa?
8. Pareces uma vaca agarrada a essa bomba.
9. O que eu sinto é que as tuas mamas me pertencem a mim e não ao bebé.
10. Não o deixes dormir à mama ou habitua-lo mal!



Eu tive a sorte de só ouvir uma ou outra destas frases, mas poderia acrescentar mais umas quantas...
E respostas? Bem, no final do livro há umas dicas para suportar estes (e muitos outros) comentários, mas há uma que eu gostei particularmente:
- Responde a cada pergunta "provocatória" com um Porque é que pergunta?
As pessoas, quer sejam amigas, familiares ou às vezes desconhecidos que encontramos na rua/restaurante/transportes, até não o fazem por mal e até querem ajudar. Porque somos mães pela primeira vez, porque o bebé até chora muito, porque precisamos dormir mais... Mas a verdade é que cada bebé é um bebé e todos são diferentes, mesmo entre irmãos. E outra grande verdade é que os bebés pequenos não manipulam ou têm segundas intenções: se eles se calam quando mamam, é porque precisavam mesmo mamar, seja porque tinham um buraquinho no estômago, porque estavam assustados, porque estão cansados, porque têm uma qualquer dorzita....

Imaginem viver, desde que se lembram (porque até os recém-nascidos têm memória, isso está provado) num ambiente calmo, quente, em que não há sensação de fome nem frio nem desconforto. Em que os sons que chegam aos ouvidos são essencialmente o ritmo de um coração, de um par de pulmões, da voz da mãe. De repente são empurrados para um mundo brilhante, barulhento, frio, onde há um sem número de sensações que não compreendem o que são, onde os sons reconfortantes são afastados para longe... Todos passámos por isto e há quem acredite que a forma como passámos por isto se revela também na nossa personalidade, na nossa experiência de vida.
E agora imaginem que uma das únicas coisas inatas que conseguimos fazer (mamar) é feita de forma limitada, a olhar para o relógio, ou de má vontade porque dói, ou em vez de mamar (que tem sempre o bónus de alimentar um pouquinho com o leite que trás) é substituído por coisas de borracha/plástico.  Quão confuso e triste o bebé recém-nascido que tem de passar por isto.

Outra coisa que aprendi com este livro é que amamentar não dói. A mim de facto nunca doeu, mas conheço várias pessoas com essa queixa. Aquilo que dizem no livro é, claramente, procurem ajuda!! Há já em Portugal muitas conselheiras de amamentação que podem ajudar, quer por telefone quer fazendo uma consulta em casa, para despistar o que se passa. Pode ser simplesmente posicional. Pode ser algum problemita com o bebé. Mas quase tudo tem solução. E há várias pessoas que ao fim de vários meses (2, 3, 4 até) conseguiram finalmente descobrir o que estava errado e tiveram relação de amamentação muito feliz e completa com os seus bebés.

Que eu saiba não há versão Portuguesa deste livro. Quem se sente à vontade para ler em Inglês, é só encomendar aqui ou então aqui. E para quem tem dúvidas acerca daquilo que passou (para quem já é mãe) ou daquilo que vai/pode vir a passar (para quem vai ser em breve) basta visitar http://www.llli.org/aqui está um bom resumo daquilo que vem mais detalhado no livro.

O mais importante é a mãe decidir que é isto que quer para o seu bebé, que amamentar é mesmo o mais importante. A partir daí, qualquer dificuldade que surja pode ser ultrapassada com a ajuda de quem sabe e de quem partilha a mesma decisão.

Porque dar de mamar é uma relação. É uma dança que se dança entre mãe e bebé e que pode ter repercussões positivas, duradouras e muito agradáveis para toda a vida.

quarta-feira, 7 de março de 2012

And we're back! Com o pilas nº 2!! :D

Não só de volta ao mundo do blog mas também às considerações acerca de ter um bebé e o que isso envolve. Sim porque o "pilas nº2" vem a caminho! E já não falta muito! :)

As reacções a esta gravidez foram muitas e diversas. O comentário que talvez ganhe seja o típico "então agora é para a menina, não é?", seguido de muito perto por "nesta altura? 2 filhos?".... Ao primeiro comentário respondíamos sempre que não, qualquer que fosse o sexo deste bebé seriamos muito felizes; ao segundo respondíamos que mais dificuldades tiveram os nossos pais e avós e eles criaram os filhos deles.

A verdade é que, em relação à parte económica, é um falso problema. O verdadeiro problema na nossa sociedade hiper-mega-consumista é que que qualquer criança que venha a este mundo tem de ter à sua espera o quarto, berço, alcofa, carro de passeio, porta-bebés, roupa, fraldas, bonecos, mobiles, espreguiçadeira, banheira, troca-fraldas, cadeira de carro, biberons, esterilizador de biberons... and on and on. Tudo, claro, novo, a estrear, desembrulhado da caixa, acabadinho de vir da loja.
Ora, nós não somos assim. O berço do G. foi montado quando ele já estava nos meus braços; o carrinho de passeio foi comprado no EBAY já ele tinha uns 3 meses; banheira, ovo, espreguiçadeira e muita muita roupa foram em 2ª mão e optamos por fraldas reutilizáveis já a pensar que não nos ficaríamos por aqui em termos de prol.

As crianças crescem a um ritmo alucinante. Ainda ontem o nosso piolho me cabia no colo e agora já tem mais de 1 metro de altura! E as coisas de recém-nascido são o dinheiro mais mal gasto que pode existir, simplesmente porque têm um tempo de vida útil de alguns meses, em alguns casos. Por isso não me causa impressão nenhuma dar a roupa que usamos e usarmos as coisas que outros bebés já usaram. Poupamos dinheiro e poupamos o ambiente, que não tem de absorver as toneladas de cadeirinhas de passeio e banheiras que vão literalmente para o lixo para que outras novas se possam fazer.

Depois é um alivio para as pessoas que têm as coisas, que se vêem livres delas. Para quem, como nós, tem casa pequena, sem arrecadação, garagem ou outro espaço de arrumos, ter uma forma de despachar o que não se usa é uma bênção! Por isso, acredito veementemente que assim que "fecharmos a loja" (o que pode ser daqui a 1 a 3 crianças) tudo o que temos será oferecido a quem precisa ou colocado à venda, para que a sua vida continue a ser útil. :)

A outra questão, a do sexo, também ocasionou algumas gargalhadas entre amigos, já que para estes a frase "eu não quero fazer criação" foi muito usada. Se eu queria ter uma menina agora que tenho um rapaz? Não! O que queremos e sonhamos é com uma família grande e feliz, seja ela constituída  por rapazes, raparigas ou um mix dos 2 sexos. É que não queremos mesmo saber! E a verdade é que quisemos saber o sexo do bebé apenas por uma questão prática: compramos mobília de quarto para 2 rapazes ou algo unisexo que dê para um rapaz e rapariga partilharem? Porque de outra forma, não quereríamos saber outra vez, para desconforto de muita gente à nossa volta.
Na verdade, as pessoas que mais querem um determinado sexo geralmente têm o outro. E claro que o desapontamento inicial é muito grande, porque também a expectativa era muito grande. É a velha questão aquando da escolha do Papa: "quem entra Papa, sai Cardeal".

Por nós, estamos felicíssimos por termos mais um menino (ainda que sem nome, mas esse assunto fica para outro dia). Vai com certeza ser bastante diferente do irmão, pelo que não é a questão do "já sabemos o que nos espera". Não. Estamos felizes porque queremos ter outro filho saudável e feliz, independentemente do sexo que tenha! Quando formos ao 3º, acho que não vamos querer saber também. E que felicidade vai ser quer seja um menino! E que felicidade vai ser se for menina! :)