domingo, 28 de fevereiro de 2010

Fazemos o melhor que podemos...

... e a mais não somos obrigados.
Pois, mas no caso de quem tem filhos, o melhor de nós parece que nunca é o suficiente. E não estou a falar de quando eles chegam à adolescência!

Quando eles nascem, se ficamos em casa a tomar conta deles, então somos umas mães chatas que não têm vida própria. Se voltamos ao trabalho, somos mães ausentes que delegam a educação dos filhos noutras pessoas. Se podemos e deixamos as crianças com as avós, somos irresponsáveis porque vamos deixar que cresçam demasiado mimados e sem o beneficio da interacção com outras crianças. Se os colocamos logo na creche, somos irresponsáveis pois não os protegemos nos primeiros tempos de vida das viroses que muitas crianças juntas tendem a originar.

Enfim, o sentimento de culpa está sempre ligado ao facto de se ter querido pôr uma criança neste mundo. E há 3 opções para lidar com isso:
1 - não lidamos e passamos esses sentimentos para segundo plano, enterramo-los no fundo do nosso inconsciente e esperamos que tudo corra pelo melhor;
2 - encontramos um equilíbrio em que aceitamos que não conseguimos fazer melhor, mas damos o melhor de nós ou;
3 - fazemos os nossos filhos "pagar" pela nossa culpa, inundando-os de coisas, actividades, ocupações, preocupações e gadgets que eles nem deviam usar antes dos 15, porque assim minimizamos o que de mau cá vai dentro.

Estes últimos são os hiper-pais (de "hyper-parenting") que, tal como quem hiperventila, têm ataques de ansiedade de cada vez que o filho de 6 anos se esquece do telemóvel em casa, ou que não consegue imaginar um dia em que o petiz de 4 não tenha uma qualquer actividade extra-curricular (inglês, equitação, música, natação, judo...?).

Mas porquê? Ora, isso daria (e já deu) para escrever um livro! O importante é fazer um "time-out", dar um passo atrás, ver como quem está de fora e pensar: sou um hiper-pai?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O que é o "Slow parenting"?

Basicamente, é uma parte do "Slow movement" (http://www.slowmovement.com), que não é nada mais nada menos que voltar a ter descontracção no quotidiano. E isto traduz-se geralmente no desacelerar o ritmo do dia a dia, "des-stressar" ao máximo das responsabilidades, dos horários, dos chefes, dos colaboradores, da comida, da diversão... voltar a ligar-se a si mesmo, aos outros e à Natureza.

O "Slow parenting" é uma parte do Movimento específica, claro está, para os pais, quer sejam novos quer já com alguma rodagem. Defende que as crianças devem crescer e desenvolver-se livremente e ao seu próprio ritmo, com poucas actividades orientadas e organizadas pelos adultos. Vai contra a tendência global de organizar os horários extra-curriculares das crianças, de resolver os problemas pelas crianças e contratar serviços em vez de deixar as crianças à vontade.

Não é uma metodologia consensual e há muitos que a vêem como uma forma de laxismo, de "deixa andar", de desinteresse pelo desenvolvimento "normal" das crianças, em que elas pouco são estimuladas. Nada mais errado. É sim o respeito pela criança, pela infância única dos nossos filhos e a vontade de não os assoberbar de actividades que nós, adultos, gostaríamos de ter mas não temos tempo. É questionar o status quo dos programas curriculares uniformes que não deixam espaço à imaginação e à diferença, quer de interesses quer de tempos de aprendizagem.

Este blog propõe-se ser um aglutinador de ideias e conceitos do Movimento "Slow parenting", para o desmistificar e promover.

Bem Vindos!