sábado, 27 de fevereiro de 2016

Cresce mais devagar sff.

Parece que demora imenso tempo. Tudo. Até aprender a mamar. Até dormir uma noite seguida. Até dar um sorriso. Até dar uma gargalhada. Até ficar 5 min distraído com os brinquedos. 

E, de repente, de um dia para o outro, senta-se direito na cadeira. Sem apoio, sem entortar. Direitinho. 


E ficamos a pesar "Bolas. Já?"

Não me lembro de um "finalmente" quando eles ganham uma nova capacidade. Lembro-me sempre de pensar que é mais um passo para deixar de ser bebé, deixar de ser nosso. 

Estamos tanto tempo a antecipar quando eles fazem certa coisa para depois ter pena por já a fazer. É que cada coisa que fazem é mais um passo para longe de nós. 

E agora vou ali cheirar a sua cabecinha de bebé. Não falta muito para deixar de ter aquele cheirinho característico e tenho de aproveitar. :)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

As dietas das amamentadeiras

Houve há pouco tempo uma publicação a circular, da sociedade pediátrica brasileira, que alertava para que o que as mães que amamentam comem passa para o leite do bebé. Esta campanha, aparentemente bem intencionada para que as mães comam de forma saudável, é de facto particionada por uma marca conhecida de alimentação infantil. Aliás, quer a Sociedade pediátrica brasileira como a portuguesa são patrocinadas às claras por esta marca.
Haverá forma mais segura de minar a confiança da mãe na amamentação do que culpa-la por não estar a comer bem?

Na verdade, claro que as mães (enfim, TODA a gente) deve comer bem e de forma saudável. Mas não o fazer não significa que o leite materno vá fazer mal ou vá ter menor qualidade. Muito pelo contrário! Mães mal nutridas conseguem alimentar bem os seus bebés com o seu leite. Diz a UNICEF que  "Se a mãe está moderadamente mal nutrida, ela continuará a produzir leite de boa qualidade, melhor que qualquer leite artificial. Se ela está severamente mal nutrida, a quantidade do leite produzido em cada mamada pode diminuir. Em ambos os casos, para a saúde quer da mãe quer do bebé. é mais seguro e melhor alimentar a mãe adequadamente enquanto a ajudamos a continuar a amamentar". O mesmo é referido no site Kellymom, referência mundial sobre aleitamento materno.

Afinal, se vamos acreditar na campanha e se o nosso filho é o que nós comemos porque ele é alimentado com o nosso leite, então os bebés que bebem leite artificial que é feito a partir do leite de vaca, são o quê? Erva? Pois...

Culpar a mãe por comer fast food ou por beber um café ou tomar um copo de vinho esporadicamente (que não faz assim tão mal, como dizem o Dr Jack Newman e o Dr Carlos González, este no seu livro Manual pratico sobre aleitamento materno) quando está a amamentar só demonstra desconhecimento sobre como funciona a amamentação e os benefícios que o leite materno tem sobre todas as outras opções.

E o que dizer dos alimentos a evitar enquanto se amamenta? Ele varia consoante a zona do país e, claro, o país onde se está. "Tens de evitar feijão, grão, couves, brócolos, leite, farináceos, batatas, café, água com gás (!), enchidos, peixes gordos, carnes vermelhas, caril, chá, laranjas, chocolate...." Ele é todo um rol de coisas que supostamente temos de evitar por causa das cólicas ou porque pode fazer mal ao nosso bebé por estarmos a dar de mamar...

Sejamos frontais: amamentar não é uma prisão! Não é preciso deixar de comer tudo porque temos medo que... Se um dia comemos alguma coisa e notoriamente o nosso bebé reage a ela, então sim, vamos fazer o teste e evitamos essa coisa durante uma semana e depois revemos se foi mesmo a isso que o bebé reagiu ou se foi apenas o alinhamento dos astros. Em principio o que comemos na gravidez podemos continuar a comer a amamentar pois o bebé já foi exposto aos alimentos.

Agora com licença que vou ali almoçar. ;)

http://www.babycenter.com/0_diet-for-a-healthy-breastfeeding-mom_3565.bc

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Morra o espanador, morra, pum!

Este poema é difícil de traduzir (principalmente o "babies don't keep"), mas é muito bonito. 

"Babies Don’t Keep"

Mother, O Mother, come shake out your cloth,
Empty the dustpan, poison the moth,
Hang out the washing, make up the bed,
Sew on a button and butter the bread.

Where is the mother whose house is so shocking?
She’s up in the nursery, blissfully rocking.

Oh, I’ve grown as shiftless as Little Boy Blue,
Lullabye, rockabye, lullabye loo.
Dishes are waiting and bills are past due
Pat-a-cake, darling, and peek, peekaboo

The shopping’s not done and there’s nothing for stew
And out in the yard there’s a hullabaloo
But I’m playing Kanga and this is my Roo
Look! Aren’t his eyes the most wonderful hue?
Lullabye, rockaby lullabye loo.

The cleaning and scrubbing can wait till tomorrow
But children grow up as I’ve learned to my sorrow.
So quiet down cobwebs; Dust go to sleep!
I’m rocking my baby and babies don’t keep.
  Autor: Ruth Hulburt Hamilton

No final diz "Teias, sosseguem; pó, vai dormir! Estou a embalar o meu bebé que não se vai manter assim". 
Às vezes tenho a sensação (novamente, como dizia no post anterior) que não consigo fazer nada. O pó acumula nos móveis, o cotão rola no chão, e andamos a apanhar a roupa por dobrar diretamente para vestir. Passar a ferro é algo que não faço há meses. Mas depois o G diz, do alto da sua sabedoria de 7 anos, "tu dizes que não trabalhas, mãe, mas o teu trabalho é cuidar do 3G!" E pronto, lanço o peso na consciência para trás das costas e brinco com o bebé. Porque esse é o meu trabalho agora!  Quando trabalhamos "fora de casa", não temos de dividir as tarefas de casa entre pai e mãe? (Idealmente, claro...) Afinal, ambos trabalhamos fora, os filhos são dos dois, a casa também... Mas quando estamos em casa em licença de maternidade, parece que sentimos a obrigação de manter tudo limpinho e perfeito porque, afinal, "estamos em casa". Mas porque é que estamos em casa? Porque durante 9 luas andamos a gerar vida dentro de nós! Deveríamos poder deixar o nosso corpo (e mente e coração) reparar pelo menos o mesmo tempo. Mas como tentamos ser super mulheres, que pensam que conseguem tudo e para ontem, achamos que 2 semanas depois do parto já podemos aspirar e passar a ferro e limpar wcs. E podemos! Mas devemos?
É tão rápido enquanto eles crescem e, de repente, já não são bebés. Para quê andar a stressar com as tarefas domésticas quando temos tão pouco tempo assim, com eles a querer estar connosco, a precisarem de nós? Afinal, não é para cuidar deles que a segurança social nos paga principescamente (notar a ironia) estes meses? E não é verdade que depois vamos trabalhar para ter dinheiro para pagar a outra pessoa para cuidar dos nossos filhos? (Que por sua vez paga a outra para cuidar dos seus e assim sucessivamente. Isto sim é irónico!)
Por isso, e depois de um fim‑de‑semana a limpar e a aspirar e a espirrar com o pó, só daqui a algum tempo é que volto a essas andanças. E a teia de aranha no candeeiro? Deixa, é para apanhar os mosquitos. 
My baby won't keepTenho de aproveitar.