quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Feliz Natal 2016 - em liberdade e paz 🎄

     É aquela altura do ano em que desejamos coisas boas uns aos outros... E ainda bem que assim é! Porque somos livres de celebrar o Natal como quisermos, ou não celebrar se o desejarmos, e desejar coisas boas aos amigos... e não tão amigos, se seguirmos mesmo o que Jesus ensinou.

http://nhne-pulse.org/mary-breastfeeding-jesus-christmas-missing-icon/slide_269060_1867557_free/

    Enquanto andávamos de carro, o Gabriel perguntava porque é que há tantas coisas com o nome "25 de Abril". Tentei explicar, o melhor que consegui para a sua cabeça de 7 anos, o que é a liberdade e, mais difícil, o que é não ter liberdade. Para quem nasceu e cresceu em liberdade, é complicado compreender o que é a sua falta. Tal como quem cresceu com comida na mesa, é complicado perceber o que é a fome real de quem não come nada decente há semanas. Ou para quem tem uma escola onde "tem" de ir todos os dias, é complicado compreender a benção que é poder ir a uma escola que tem condições de habitabilidade, ainda que com todos os problemas que possam existir, mas onde ninguém impede ninguém de estudar, onde há telhado, livros, professores e comida a horas certas.

     Liberdade é isto, é poder afirmar que se tem religião, mesmo sabendo a história da mesma, escolhendo querer seguir esta, como poderia querer seguir outra qualquer. Simplesmente porque podemos escolher. Ter uma religião, escolhe-la e ensina-la aos nossos filhos não é limitativo, não é castrador, não é restritivo. É a mais alta expressão da liberdade que temos, em 2016, em Portugal.
    
     Por isso, visto que a liberdade não se celebra só em Abril, Grata pela Liberdade! 🙏

http://consciencianegracem03.blogspot.pt/

🎄Feliz Natal! 🎄



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Por todas as Alepos deste mundo

Enquanto o miúdo mais velho brinca com a amiga e o irmão mais novo pela casa, ouço na rádio as noticias sobre Alepo, na Síria, e como os vencedores fazem o que fazem geralmente - matam indiscriminadamente os vencidos, incluindo mulheres e crianças.

 Podia ter escolhido qualquer das milhares de imagens de crianças de Alepo, crianças tristes, feridas, mortas... preferi ainda assim a esperança desta foto, em que pelo menos estão vivos e juntos da sua família.

Enquanto as minhas crianças, seguras, bem alimentadas, confortáveis, felizes e livres, brincam em casa, penso nas 100 mil crianças que não tiveram infância, que só o que conhecem é o ruído das bombas, a destruição das ruas, os escombros como local de brincar (e muitas vezes, sepultura). Há 5 anos, cinco longos anos, que aquela gente não tem paz. São 5 anos de não escola, de não comida, de não água limpa, de não trabalho, de pura sobrevivência e de puro terror. São mais de 5 anos de gente a fugir (estimam-se que cerca de 9,5 milhões de pessoas, quase a totalidade da população portuguesa, tenham fugido do país), desesperada para encontrar algo que se assemelhe a uma normalidade, a um recanto com paz.
Uns apenas encontraram a morte no fundo do Mediterrâneo. Outros estão enclausurados em campos de refugiados, que mais parecem de concentração,  enclaves humanos em países que não os aceitam, que não os querem e que preferiam que não existissem.

O antigo mercado (souk) d Alepo. Antes e depois...

A guerra da Síria sempre me meteu confusão. Sim, como todas as guerras, mas esta em particular por se tratar de um país berço da civilização. Não de "uma civilização" mas DE TODA a civilização ocidental. Um país com riquezas patrimoniais, arquitetónicas e históricas, que remontam a milhares de anos antes de Cristo, e que hoje estão reduzidas a cinza. Cidades como Alepo ou como Damasco, que foram praticamente reduzidas a pó. Ou a antiquíssima Palmira, classificada como património mundial pela UNESCO, nas mãos dos malucos extremistas, completamente destruída porque... Sabe-se lá porquê!! A loucura não se justifica.

Hoje, num dia como qualquer outro, de um ano como qualquer outro, no caminho que todos os cristãos fazem para preparar o Natal, acendo uma vela por todas as vitimas, vivas e mortas, muçulmanas e cristãs, em Alepo e em todas as cidades em guerra, porque não posso fazer mais nada... em particular pelas crianças, que não percebendo nada disto, são as que mais sofrem....

قد تجد السلام
Que encontrem a Paz 

sábado, 11 de junho de 2016

Melancolia...

... é quando as pessoas da tua infância começam a sair da tua vida, principalmente por velhice. É sentir que cada um que parte leva consigo as memórias do que foi. É saber que não vão deixar memória na memória dos teus filhos. É saber que vais passar pelas casas e sentir o vazio, não só o que está dentro, mas principalmente o que fica no coração. 
A tristeza de ver partir as pessoas mais velhas é em parte egoísta: ficamos tristes porque ao partirem, parte também a nossa infância e juventude, marcando indelevelmente o facto de, também nós, nós estarmos a encaminhar para a velhice. Não ficamos tristes pelos que partem, deixando atrás de si uma vida cheia e bem vivida. Ficamos tristes por nós que perdemos as pessoas da nossa memória. 

Não falo de quem perdemos cedo demais. Falo de quem, com mais de 90 anos é sem ser, pois o que faz de si a pessoa que é já não habita entre nós. E desce a melancolia. 


sábado, 26 de março de 2016

Semana da Doula

Há muita gente que me pergunta "mas o que é isso de doula?" 

Nos países anglofonos, a doula é tida como uma "profissional do parto", nao sendo de todo uma profissional de saúde. Acompanham a gravidez da mulher (e às vezes até antes da gravidez), o parto e o pós parto, com informação e apoio, empatia e companheirismo. São conselheiras (na medida em que dão conselhos) e como misters, pois estão sempre lá a insentivar, mas não fazem nada nem tomam decisões pelas mães e companheiros. 

As doulas são as coaches originais. Quando ainda não se falava de coaching em Portugal, já havia doulas. Não há boa tradução para Português, por isso, e como uma imagem vale mil palavras, fica aqui a explicação do que é uma doula. 

Seria bom se, quem teve ou tem uma doula, pudesse dizer o que é ela para si, com uma palavra. 


segunda-feira, 21 de março de 2016

A Páscoa começa...

A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, uma semana antes do Domingo de Páscoa. Para nós, há vários anos que começa com a celebração do Seder Pascal, a invocação da cerimónia Judaica da Páscoa que Jesus celebrou antes de morrer. 


Mas este ano vestimo-nos a rigor. :)


E claro q das irmãs Franciscanas adoraram o bebé fofinho e gordinho e risonho que nos acompanhou. Para uma cerimónia deste tipo, os manos mais velhos ficariam irrequietos e aborrecidos. 

Há algo de reconfortante nas celebrações intemporais, que fazem memória do tempo dos profetas e dos primórdios do uniteismo. Tal como partilhar estes momentos com irmãos espirituais enche o coração e a alma. 

Boa Páscoa. 



domingo, 20 de março de 2016

Dormir juntinhos, juntinhos.

Em inglês co-sleeping é dormir no mesmo espaço que os nossos filhos. É diferente de bed sharing que é a partilha da cama. Há regras bastante claras sobre como partilhar a cama com as crianças desde bebés que tornam este acto bastante seguro. Está também provado que partilhar a cama promove e facilita a amamentação, fazendo com que seja mais fácil amamentar durante a noite. 

Sabendo isto, sempre achei natural que os bebés partilhassem a cama dos pais em algum momento. Mas o meu G desde o mês e meio que dorme a noite toda. TODA! Claro que houve a altura dos terrores noturnos, em que acordava a gritar como se o estivessem a matar. E houve as noites de doenças em que vinha para nossa cama para mais facilmente dar um xarope ou antibiótico às 3 da manhã. Mas aquela santa alminha sempre dormiu como um calhau, graças aos bons genes do pai. 

O 2G já não foi assim. Até aos 2 anos tivemos um mini aquecedor entre nós. Que o rapaz é quente. Muito quente. 
Durante 1 ano, desde o verão dos 2 para o verão dos seus 3 anos, partilhou a cama com o mano. Até que este se fartou das cotoveladas e joelhadas e passou para a cama de cima. 
Agora que anda na fase dos terrores, muitas vezes pede para dormir conosco. Ou quando está com febre e pede água de meia em meia hora. 

O mais pequeno, com a graça de Deus, lá terá os genes do pai e também dorme 7/8 horas seguidas desde que tinha semanas. Com o peso a aumentar que nem o texugo (compensa e mama o que tem a mamar durante o dia!) nunca houve problema em deita-lo na cama dele e só passar para a nossa às 5/6 da manhã para aproveitar o resto da noite no quentinho. 

Esta semana o 2G voltou a ter febre. Eu já disse que ele é quente?! Imaginem com 38,5ºC! EU acordava a suar! E a partir das X da madrugada ficava entre o aquecedor de quase 4 anos e o mini aquecedor de quase 6 meses, grudado na mamoca. Que CALOR!!!!

Fazer partilha de cama pode salvar a amamentação e até a sugiro a muitas mães que me procuram. Não sou fundamentalista, mesmo conosco. Partilhamos a cama com eles quando dá jeito, quando é cómodo, e não por princípio ou porque "tem de ser". E é nestas semanas de gente super quente que eu fico feliz por as febres baixarem, os terrores irem embora, não haver surtos de crescimento e eu poder ter a cama toda para mim!!

E para o pai, claro. 

E para a gata, vá. 

Até as 5 da manhã. 

Enfim. 

domingo, 13 de março de 2016

Escolas na floresta

Há muitos anos li o livro "Under pressure - rescuing our children from the culture of hyper-parenting" de Carl Honoré (2008) que é um dos pontos de partida para este blog. Um dos assuntos que me chamou a atenção, no livro, foram as escolas na floresta. Investiguei um pouco e fiquei a saber que ainda eram poucas e, claro, todas no norte da Europa.

ha pouco tempo enviaram-me um email com esta reportagem onde dizem a importância de as crianças sentirem frio, se sentirem molhadas, e sobreviverem a isso. E é maravilhosos.
O pedagogo diz que em 17 anos levou apenas uma criança ao hospital. A razão? O pai passou-lhe com uma roda em cima do pé. Depois de ver as crianças subir ao topo de uma arvore, esta afirmação é espantosa.

Quem me dera que houvesse mais escolas em florestas, perto de riachos. Quem me dera que os nossos miúdos não passassem o dia enfiados em salas porque "está a chover" ou "está vento", e muitos deles quando vão ao recreio é um quadrado de cimento com brinquedos de plástico e chão de borracha.

Pode ser que um dia....

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Cresce mais devagar sff.

Parece que demora imenso tempo. Tudo. Até aprender a mamar. Até dormir uma noite seguida. Até dar um sorriso. Até dar uma gargalhada. Até ficar 5 min distraído com os brinquedos. 

E, de repente, de um dia para o outro, senta-se direito na cadeira. Sem apoio, sem entortar. Direitinho. 


E ficamos a pesar "Bolas. Já?"

Não me lembro de um "finalmente" quando eles ganham uma nova capacidade. Lembro-me sempre de pensar que é mais um passo para deixar de ser bebé, deixar de ser nosso. 

Estamos tanto tempo a antecipar quando eles fazem certa coisa para depois ter pena por já a fazer. É que cada coisa que fazem é mais um passo para longe de nós. 

E agora vou ali cheirar a sua cabecinha de bebé. Não falta muito para deixar de ter aquele cheirinho característico e tenho de aproveitar. :)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

As dietas das amamentadeiras

Houve há pouco tempo uma publicação a circular, da sociedade pediátrica brasileira, que alertava para que o que as mães que amamentam comem passa para o leite do bebé. Esta campanha, aparentemente bem intencionada para que as mães comam de forma saudável, é de facto particionada por uma marca conhecida de alimentação infantil. Aliás, quer a Sociedade pediátrica brasileira como a portuguesa são patrocinadas às claras por esta marca.
Haverá forma mais segura de minar a confiança da mãe na amamentação do que culpa-la por não estar a comer bem?

Na verdade, claro que as mães (enfim, TODA a gente) deve comer bem e de forma saudável. Mas não o fazer não significa que o leite materno vá fazer mal ou vá ter menor qualidade. Muito pelo contrário! Mães mal nutridas conseguem alimentar bem os seus bebés com o seu leite. Diz a UNICEF que  "Se a mãe está moderadamente mal nutrida, ela continuará a produzir leite de boa qualidade, melhor que qualquer leite artificial. Se ela está severamente mal nutrida, a quantidade do leite produzido em cada mamada pode diminuir. Em ambos os casos, para a saúde quer da mãe quer do bebé. é mais seguro e melhor alimentar a mãe adequadamente enquanto a ajudamos a continuar a amamentar". O mesmo é referido no site Kellymom, referência mundial sobre aleitamento materno.

Afinal, se vamos acreditar na campanha e se o nosso filho é o que nós comemos porque ele é alimentado com o nosso leite, então os bebés que bebem leite artificial que é feito a partir do leite de vaca, são o quê? Erva? Pois...

Culpar a mãe por comer fast food ou por beber um café ou tomar um copo de vinho esporadicamente (que não faz assim tão mal, como dizem o Dr Jack Newman e o Dr Carlos González, este no seu livro Manual pratico sobre aleitamento materno) quando está a amamentar só demonstra desconhecimento sobre como funciona a amamentação e os benefícios que o leite materno tem sobre todas as outras opções.

E o que dizer dos alimentos a evitar enquanto se amamenta? Ele varia consoante a zona do país e, claro, o país onde se está. "Tens de evitar feijão, grão, couves, brócolos, leite, farináceos, batatas, café, água com gás (!), enchidos, peixes gordos, carnes vermelhas, caril, chá, laranjas, chocolate...." Ele é todo um rol de coisas que supostamente temos de evitar por causa das cólicas ou porque pode fazer mal ao nosso bebé por estarmos a dar de mamar...

Sejamos frontais: amamentar não é uma prisão! Não é preciso deixar de comer tudo porque temos medo que... Se um dia comemos alguma coisa e notoriamente o nosso bebé reage a ela, então sim, vamos fazer o teste e evitamos essa coisa durante uma semana e depois revemos se foi mesmo a isso que o bebé reagiu ou se foi apenas o alinhamento dos astros. Em principio o que comemos na gravidez podemos continuar a comer a amamentar pois o bebé já foi exposto aos alimentos.

Agora com licença que vou ali almoçar. ;)

http://www.babycenter.com/0_diet-for-a-healthy-breastfeeding-mom_3565.bc

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Morra o espanador, morra, pum!

Este poema é difícil de traduzir (principalmente o "babies don't keep"), mas é muito bonito. 

"Babies Don’t Keep"

Mother, O Mother, come shake out your cloth,
Empty the dustpan, poison the moth,
Hang out the washing, make up the bed,
Sew on a button and butter the bread.

Where is the mother whose house is so shocking?
She’s up in the nursery, blissfully rocking.

Oh, I’ve grown as shiftless as Little Boy Blue,
Lullabye, rockabye, lullabye loo.
Dishes are waiting and bills are past due
Pat-a-cake, darling, and peek, peekaboo

The shopping’s not done and there’s nothing for stew
And out in the yard there’s a hullabaloo
But I’m playing Kanga and this is my Roo
Look! Aren’t his eyes the most wonderful hue?
Lullabye, rockaby lullabye loo.

The cleaning and scrubbing can wait till tomorrow
But children grow up as I’ve learned to my sorrow.
So quiet down cobwebs; Dust go to sleep!
I’m rocking my baby and babies don’t keep.
  Autor: Ruth Hulburt Hamilton

No final diz "Teias, sosseguem; pó, vai dormir! Estou a embalar o meu bebé que não se vai manter assim". 
Às vezes tenho a sensação (novamente, como dizia no post anterior) que não consigo fazer nada. O pó acumula nos móveis, o cotão rola no chão, e andamos a apanhar a roupa por dobrar diretamente para vestir. Passar a ferro é algo que não faço há meses. Mas depois o G diz, do alto da sua sabedoria de 7 anos, "tu dizes que não trabalhas, mãe, mas o teu trabalho é cuidar do 3G!" E pronto, lanço o peso na consciência para trás das costas e brinco com o bebé. Porque esse é o meu trabalho agora!  Quando trabalhamos "fora de casa", não temos de dividir as tarefas de casa entre pai e mãe? (Idealmente, claro...) Afinal, ambos trabalhamos fora, os filhos são dos dois, a casa também... Mas quando estamos em casa em licença de maternidade, parece que sentimos a obrigação de manter tudo limpinho e perfeito porque, afinal, "estamos em casa". Mas porque é que estamos em casa? Porque durante 9 luas andamos a gerar vida dentro de nós! Deveríamos poder deixar o nosso corpo (e mente e coração) reparar pelo menos o mesmo tempo. Mas como tentamos ser super mulheres, que pensam que conseguem tudo e para ontem, achamos que 2 semanas depois do parto já podemos aspirar e passar a ferro e limpar wcs. E podemos! Mas devemos?
É tão rápido enquanto eles crescem e, de repente, já não são bebés. Para quê andar a stressar com as tarefas domésticas quando temos tão pouco tempo assim, com eles a querer estar connosco, a precisarem de nós? Afinal, não é para cuidar deles que a segurança social nos paga principescamente (notar a ironia) estes meses? E não é verdade que depois vamos trabalhar para ter dinheiro para pagar a outra pessoa para cuidar dos nossos filhos? (Que por sua vez paga a outra para cuidar dos seus e assim sucessivamente. Isto sim é irónico!)
Por isso, e depois de um fim‑de‑semana a limpar e a aspirar e a espirrar com o pó, só daqui a algum tempo é que volto a essas andanças. E a teia de aranha no candeeiro? Deixa, é para apanhar os mosquitos. 
My baby won't keepTenho de aproveitar.  
 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

"É que não consigo fazer nada!!!"

Já ouvi esta frase milhares de vezes. Já a disse umas quantas também. É por causa dela que vem o vaticínio de "não andes com ele ao colo que o habituas mal". Este "mau hábito" acontece quando tentamos "fazer alguma coisa" sem o bebé e ele chora como se o estivessem a matar. Ou como se o tivessem abandonado. Porque para ele (o bebé) é exactamente a mesma coisa. 
Mas o que fazer, santo deus, com a criatura que não se entretém com nada aos 3/6/9/14 meses, que chora assim que a pouso em algum lado ou assim que me perde de vista?!
A reposta não é fácil de ouvir: não a pousar, não sair da sua vista, não a deixar. Andar como bebé num porta bebés de pano ou ergonómico facilita tanto mas tanto a vida que não percebo como não é obrigatório falar nisto nas consultas Pré natais. Devia ser! 
Eles vão ali, coladinhos a nós, a ver o mundo que os rodeia (basicamente a sua casa) enquanto nos atarefamos a tratar de algo para comer ou a aspirar ou a ir comprar o pão. E na maior parte das vezes, o caminhar embala tanto que se deixam dormir. 


Mas mas mas...

Sim, é verdade que temos de estender roupa na corda de fora da janela do 5º andar. Sim é verdade que temos de limpar o rabo ao mano de 4 anos. Ou o nosso próprio rabo. É verdade que precisamos de, às vezes, limpar uma retrete com produtos tóxicos. E não queremos o nosso bebé por perto nestas situações. 
E dessas vezes não podemos fazer mais que colocá-los num local seguro, longe de perigos (incluindo animais de estimação super protectores e irmãos de 4 anos amorosos), dizer "a mãe já vem" e tentar despachar o que for o mais depressa possível. E assim que pudermos, voltar a pegar neles, aperta-los bem contra o peito, pedir desculpa pelo "abandono" e oferecer mama, que tudo cura. 

"Estás a habitua-lo mal! Depois quer andar sempre ao colo."  Qualquer bebé que sinta apego pela mãe vai querer andar sempre ao colo, independentemente de andar muito em pota bebés ou não. O bônus de ter bebés que andam direitos muito tempo é ter um bebé de 4 meses que se senta à mesa. Quase sozinho.

(Ele está tombado para melhor ver a nossa gata, e não porque não se mantenha direito).

Por isso, que se lixe o "habitua-lo mal". Sobrevivência, minha gente!! ISSO é o mais importante. 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

7

"O número sete representa a totalidade, a perfeição, a consciência, a intuição, a espiritualidade e vontade. O sete simboliza também conclusão cíclica e renovação. Mas justamente por representar o fim de um ciclo e o começo de um novo, é um número que também traz a ansiedade pelo desconhecido." Retirado daqui.

Sete anos são, portanto, o encerramento de um ciclo ou, de uma forma mais positiva de ver as coisas, o inicio de outro.
 Não gosto muito de pensar sobre o que estava a acontecer há 7 anos atrás. Não foi uma experiência no geral muito agradável, mas o que resultou dela mudou a minha vida para sempre.

Porquanto um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado (Is 9:5) e com a sua chegada toda a nossa vida mudou.

Claro que um filho muda tudo na vida de todos os pais, por muito que até não queiram ou não admitam que mudou. Mas na minha, em particular, mudou de tal forma que me fez repensar na minha carreira, na minha atitude perante a vida, perante os amigos e mesmo perante a família.
Quando um bebé nasce, consigo nasce uma mãe. Uma mulher transforma-se de filha em mãe. E ao passarem os anos, ao ver-mos aquele ser pequenino e indefeso crescer e desenvolver-se numa criança que pensa e articula os seus pensamentos, interesses e medos, maravilhamo-nos com a nossa própria capacidade de viver com o coração fora do nosso corpo. Porque por muito que amemos os nossos companheiros e pais, são os nossos filhos que de facto são donos do nosso coração. Para sempre.

É um dos maiores prazeres da vida, ver crescer esta pessoa com todas as suas características, herdadas e adquiridas e intrínsecas. É fenomenal vê-lo aprender a conhecer o mundo, estimular a sua curiosidade, e aproveitar os momentos cada vez mais raros em que ele ainda me cabe no colo.

E é um prazer ver a boa pessoa na qual se está a tornar, ver desenvolver o seu gosto pelas coisas bonitas, ver o seu gosto pela leitura, pela música, pelos jogos, pela natureza; é um prazer ver a cara de nojo dos beijinhos, mas depois vir à procura de abracinhos; é um prazer ver o quão carinhoso é para com os irmãos, mesmo quando lhe moem a paciência até à exaustão.

Sempre desejei e rezei para que os meus filhos fossem, acima de tudo, saudáveis e boas pessoas. Sei que, enquanto escrevo isto a ouvir o palrar do mais novo, com o mais velho o meu desejo está a ser cumprido. Oxalá Deus queira que assim continue.
Insha'Allah!!

Parabéns primeiro G. L.!
Parabéns meu primeiro pequeno grande amor!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Ar puro

Em alguns países nórdicos e noutros pontos do mundo há escolas na floresta (www.forestschools.com) em que os miúdos passam o dia inteiro na dita, fazendo actividades e aprendendo o que há a aprender no meio da natureza. Também aprendem a escrever, ler e contar, mas a maior parte do dia, sob sol, chuva ou neve, estão na rua. 
Nestes casos a taxa de infecções respiratórias é extremamente baixa. Basta as crianças não estarem fechadas num edifício, com ar condicionado e temperatura e humidade altas, onde os vírus adoram desenvolver-se, para que as crianças sejam mais saudáveis. 
E felizes. 

Mal comparando, basta vir à Fonte Limpa, terra dos avós paternos, ficam logo melhor das tosses e dos pingos no nariz, ganham novas cores e vitalidade. Brincam nos "bosques", procuram paus e pinhas, raposas e corujas.

E o maior plantou uma árvore! Agora só lhe falta escrever um livro e fazer....

Deixa lá. Tens tempo. :)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O nosso golfinho está doente...

E tudo em casa parece mais sossegado, ainda que ele esteja cá. Parece mentira. Qualquer dia de fim de semana com o 2G em casa e tudo anda em corropio. É o "furacão G" como eu lhe chamo. 

Mas hoje não. Não quer comer. Não quer brincar. Quer estar debaixo do cobertor estendido no sofá da sala. Quer estar encostado a mim (que por sinal também não estou famosa). É quer dormir na cama dos pais. 


Pobre golfinho, que apanhou um "bicho" que lhe tirou a energia e a vontade de brincar. 

E são dias como estes em que fico feliz por amamentar pois fazer biberões e tratar deste doente não seria nada nada fácil. 

Por outro lado, grata também pelos avós que levaram e foram buscar o mais velho à escola. Bem sei que se preciso fosse tínhamos amigos com quem contar, mas o apoio carinhoso dos avós é insubstituível! 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Ao ritmo do bebé

Admito que no nosso primeiro filho ainda estávamos muito endoutrinados para "impor ritmos" ao nosso bebé. Porque, afinal, as crianças gostam de estrutura, de rotinas, de fazer as mesmas coisas todos os dias. 

Não discuto que há crianças que de facto se sintam bem com uma estrutura rígida. No entanto, ao chegarmos ao 3º filho, já percebemos que se levarmos a vida ao ritmo dele sem "impor" ritmos externos, a nossa vida é muito mais fácil.
 
"Quanto é que ele dorme/come/toma banho?" 
A resposta é invariavelmente "Ele é que sabe!" 


E ao deixar ele "saber" quando quer comer e dormir, posso ter de fazer malabarismos com a hora de sair de casa, por exemplo, ou ter a noção de que as sestas no pano enquanto os manos brincam no parque são tão válidas como as dormidas na cama. Mas é mesmo assim. 

Ele vai lentamente encontrar o seu ritmo dentro da família onde nasceu, vai lembraremos habituar-se a dormir à mesma hora dos manos, a comer conosco. Mas para já, e como é o nosso lema, é sem "stress". 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Apoio à Amamentação


No mês passado senti-me quase uma VIP. Fui entrevistada 2 vezes! Em ambos os casos o assunto era o apoio à amamentação. Fiquei bastante honrada com ambos os convites e queria aqui deixar essa memória.
Primeiro para a revista Pais e Filhos.

Depois, e porque o Facebook também tem coisas boas e muitas amizades se fazem por lá, uma amiga facebookiana decidiu fazer um post no seu blog sobre amamentação onde incluiu também algumas perguntas para mim. Obrigada Ania.

Aqui ficam as perguntas da Ania e as minhas respostas... Para que mais mães sintam que têm onde se apoiar quando precisam.

  1. Podes apresentar um pouco o IBFAN e o que ele te trouxe de positivo para a tua vida enquanto mulher e mãe?
O IBFAN Portugal pertence a Mama Mater que é uma Organização Não Governamental. Somos, por isso, um membro oficial de a Rede Internacional Pró-alimentação Infantil (The International Baby Food Action Network), que conta com mais de 250 grupos espalhados por mais de 150 países em todo o mundo. (http://www.ibfanportugal.org/#!quem-smos/cq3b)
Além de me dar a oportunidade de ter uma formação em amamentação segundo os padrões da OMS (eu ja tinha uma formação anterior), o IBFAN Portugal permitiu-me tornar-me uma activista dos direitos de mães e bebés em terem informação isenta de influencias comerciais sobre a sua alimentação. Se ninguém “vigiar” as empresas, elas continuarão a tentar lucrar com o desconhecimento e com a fragilidade das recém mães.
  1. Fala-me um pouco sobre como vês o apoio à amamentação por parte dos organismos de saúde e dos profissionais de saúde nesta área.
Como em todo o lado, há bom e mau no nosso Sistema Nacional de Saúde (SNS). Ao longo destes 3 anos já encontrei profissionais muito bem formadas e com muita sensibilidade para as questões da amamentação, mas infelizmente estão em minoria. A maioria das mães que me chegam a pedir ajuda vêm de consultas onde os maus conselhos imperam. Mesmo assim, as que me procuram sabem instintivamente que o que lhes disseram não poderia ser completamente verdade e procuram alternativas.
  1. Tens notado uma evolução positiva ou negativa no que diz respeito à amamentação e à importância que ela tem nos primeiros anos de vida? Sentes que as recém mamãs têm consciência da importância do leite materno? Ou continuam a vê-lo apenas como alimento? 
Noto que o interesse pela amamentação tem aumentado, muito por causa dos empurrões que temos tentado dar ao “sistema”. Deveria haver maior publicidade e promoção da amamentação a nível nacional, para que as pessoas que a defendem não serem vistas como “fundamentalistas”.
Quanto às recém mães, depende de muita coisa. Depende da formação, da informação, do apoio em casa, do que elas de verdade querem. Na maioria, creio que ainda veem a amamentação como alimento sim.
  1. Para finalizar, podes falar de alguns dos mitos que levam a um maior numero de "desistências" por parte das recém mamãs e um conselho para todas as que lerem este artigo e estejam a preparar o ninho para uma nova vi(n)da?
Desde já, informação e apoio! Se querem amamentar, se acreditam que é o melhor para si mesmas e para o seu bebé, então o passo seguinte é ter alguma informação de como a coisa poderá correr e dos maiores obstáculos e como ultrapassa-los. E ter alguns números de telemóvel de conselheiras em aleitamento materno à mão, para o caso de não conseguir ultrapassar sozinha os obstáculos. O apoio das CAM não suplanta o apoio do companheiro, pelo que é importantíssimo que ele tenha a mesma informação e saiba da grande vontade que tem em amamentar. Porque nas alturas em que vamos abaixo com as dificuldades, são eles que têm de estar lá a lembrar-nos do porquê da nossa escolha e a lembrar-nos que amanhã será um novo dia.
Depois todos os mitos sobre a amamentação (leite insuficiente, fraco, que seca de repente, que estraga os bebés com mimos, que não pode comer nada, entre tantos outros) devem ser postos de parte e seguir o instinto. Se o bebé está a aumentar dentro da sua curva de crescimento, se parece feliz, se está a atingir os patamares de desenvolvimento para a sua idade, se a mãe não tem queixas ao amamentar, então está tudo a correr bem. É continuar até que ambos queiram!