terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Por todas as Alepos deste mundo

Enquanto o miúdo mais velho brinca com a amiga e o irmão mais novo pela casa, ouço na rádio as noticias sobre Alepo, na Síria, e como os vencedores fazem o que fazem geralmente - matam indiscriminadamente os vencidos, incluindo mulheres e crianças.

 Podia ter escolhido qualquer das milhares de imagens de crianças de Alepo, crianças tristes, feridas, mortas... preferi ainda assim a esperança desta foto, em que pelo menos estão vivos e juntos da sua família.

Enquanto as minhas crianças, seguras, bem alimentadas, confortáveis, felizes e livres, brincam em casa, penso nas 100 mil crianças que não tiveram infância, que só o que conhecem é o ruído das bombas, a destruição das ruas, os escombros como local de brincar (e muitas vezes, sepultura). Há 5 anos, cinco longos anos, que aquela gente não tem paz. São 5 anos de não escola, de não comida, de não água limpa, de não trabalho, de pura sobrevivência e de puro terror. São mais de 5 anos de gente a fugir (estimam-se que cerca de 9,5 milhões de pessoas, quase a totalidade da população portuguesa, tenham fugido do país), desesperada para encontrar algo que se assemelhe a uma normalidade, a um recanto com paz.
Uns apenas encontraram a morte no fundo do Mediterrâneo. Outros estão enclausurados em campos de refugiados, que mais parecem de concentração,  enclaves humanos em países que não os aceitam, que não os querem e que preferiam que não existissem.

O antigo mercado (souk) d Alepo. Antes e depois...

A guerra da Síria sempre me meteu confusão. Sim, como todas as guerras, mas esta em particular por se tratar de um país berço da civilização. Não de "uma civilização" mas DE TODA a civilização ocidental. Um país com riquezas patrimoniais, arquitetónicas e históricas, que remontam a milhares de anos antes de Cristo, e que hoje estão reduzidas a cinza. Cidades como Alepo ou como Damasco, que foram praticamente reduzidas a pó. Ou a antiquíssima Palmira, classificada como património mundial pela UNESCO, nas mãos dos malucos extremistas, completamente destruída porque... Sabe-se lá porquê!! A loucura não se justifica.

Hoje, num dia como qualquer outro, de um ano como qualquer outro, no caminho que todos os cristãos fazem para preparar o Natal, acendo uma vela por todas as vitimas, vivas e mortas, muçulmanas e cristãs, em Alepo e em todas as cidades em guerra, porque não posso fazer mais nada... em particular pelas crianças, que não percebendo nada disto, são as que mais sofrem....

قد تجد السلام
Que encontrem a Paz 

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