quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Parabéns amor pequeno!

Parabéns porquê, se mesmo agora tem 3 meses?

É que são 3 meses cá fora e 9 lá dentro, o que faz um ano. Um ano de 3G nesta existência. Um ano de amor, carinho e ternura, que não começou apenas há 3 meses, mas sim a partir do momento em que umas pequenas células começaram a bater naquilo que seria o seu pequeno coração.


Estes três meses do lado de fora que hoje se completam, são chamados exterogestação, ou seja, a continuação da gestação fora do útero. Esta é uma noção que poucas pessoas têm, de que os bebés humanos nascem após cerca de 40 semanas de gestação porque senão os seus crânios não caberiam nas bacias de suas mães! Senão, ficariam pelo menos 13 meses (como as zebras, por exemplo) para saírem com o mínimo de ferramentas para se safarem na selva. Mas não, saímos pequenos e indefesos em todos os sentidos, após cerca de 9 meses, para os braços das nossas mães. E esperamos ficar nos braços delas durante bastante tempo. É isso que qualquer bebé humano espera: ficar nos braços de alguém.

A teoria da exterogestação explica o quanto a nossa sociedade está longe da norma biológica que rege todos os bebés. E de quão enganados estão a maioria dos pais nas expectativas que têm dos seus bebés quando nascem. Claro que vai só mamar de 3 em 3 horas e vai deixar de precisar das mamas da mãe aí pelos 4 meses. Claro que vai andar no seu carrinho de passeio sem chorar. Claro que vai ficar no "ovo" do carro sem reclamar. Claro que vai dormir a noite toda ainda no primeiro mês. Na sua cama. No seu quarto. Claro.

Infelizmente não é isso que o bebé humano espera. E lá se vão as expectativas por água abaixo. E lá vem a frustração, a depressão, o desespero, o choro, o bebé que não se acalma com nada, a amamentação que não funciona, o bebé que não aumenta de peso como o médico quer...

Este artigo está bastante completo sobre as expectativas dos pais e explica, com referências científicas, o porquê dos bebés não se comportarem como muitos pais esperam. Tal como eles próprios não se comportaram. Basta perguntar à sua mãe.



As coisas estão a mudar, felizmente. Há pessoas que começam a falar num tipo de parentalidade mais informada e mais ligada às verdadeiras necessidades do bebé. O que no fundo faz com que os pais voltem a um tipo de parentalidade mais natural e ancestral. Pessoas como a Mikaela Övén (que colabora com o Centro Pré e Pós Parto), como a Constança Ferreira (do Centro do bebé) ou como a Laura Sanches vão lançando luz sobre um novo paradigma de compreensão sobre a nova criatura que nos entra em casa passados os tais "9 meses". E muito além, claro.

Por isso, vou continuar a levar-te nos braços, meu amor mais pequeno, tal como fiz com os teus irmãos, amamentando-te até ambos querermos, carregando-te no pano e no sling para todo o lado, e dormindo contigo perto de mim para te ouvir respirar e ter a certeza de que cresces bem, saudável e feliz.

Sem comentários: