segunda-feira, 12 de junho de 2017

Um dia...

Um dia vou deixar de ouvir esses passinhos rápidos de pezinho descalços a correr pelo corredor...
Um dia vais perder essa gargalhada que soa a campainhas de Natal quando te fazem cócegas...
Um dia não vou poder mais fazer "bbbrrrrrrrrruuuuuuuu" na tua barriga enquanto te mudo a fralda....
Um dia não vais caber no muda fralda....

Um dia não vais querer mais "mami" para deixares dormir...
Um dia já não vais querer dormir connosco todas as noites...
Um dia vais saber dizer as coisas que queres e o que sentes...
Um dia vais deixar de querer ver todos os dias o filme "Carros"...
Um dia esses farrapos de cabelo vão transformar-se em cabelo forte de crescido, sempre mais aloirado que o dos manos...
Um dia já não vamos ter nenhum bebé em casa...

Até lá, vou aproveitar cada bocadinho de ti, bebé. ❤️

domingo, 22 de janeiro de 2017

Da redundância do tempo que passa


A partir do momento que somos pais, o tempo ganha uma importância diferente. E uma velocidade também. Nunca os anos passam tão rápido, nunca o espanto é maior do que quando vemos os pequenos seres a quem damos vida crescer, ganhar competências e lançarem-se no mundo. 

A cada ano espantando-nos com mais esse ano. A cada ano parando e admirando que um ano mais já passou. E agora já anda. E agora já fala. E agora já sabe contar. E agora já tem um amigo. E agora já sabe ler e escrever. E agora já tem 8 anos. 

É uma tarefa admirável esta de observar o crescimento desta gente. E não nos devia espantar como espanta, esta passagem do tempo. Ele também passa por nós, apaziguando feridas, esquecendo pormenores, ficando marcado na alma e no corpo. 

Muitas vezes páro e dou-me conta da imensa responsabilidade que é ter trazido para esta Terra 3 crianças, da imensa importância que é a formação delas enquanto seres humanos, da tarefa hercúlea que é mostrar-lhes o mundo, do desgastante que é a preocupação constante, permanente, subtil, que nos acompanha desde o momento que descobrimos que eles já existem dentro de nós (será que vai correr tudo bem? Será que vai nascer perfeito? Será que vai ser saudável? Será.....)

Nesse breve momento de clarividência e espanto, dou-me conta da verdade do velho provérbio oriental que nos lembra que os filhos não nos pertencem, que a nossa função no mundo é orienta-los e deixá-los partir. Dai que o amor pelos filhos seja tão diferente de qualquer outro amor, por mais intenso que seja. É o amor por quem leva um bocado de nós, não só do nosso ADN mas, e principalmente, do nosso coração, pelo mundo. Eles não nos pertencem, não são nossos... Mas nós seremos eternamente deles.  

Esse amor que já sinto há 8 anos (+9meses) e que continua a crescer e a evoluir e a abrir espaço para o espanto e admiração por tudo o que nesses 8 anos aprendi e cresci também. Tento controlar a vontade de repetir "já 8 anos?!" Porque cada aniversário vai ser sempre antecedido pelo "já?". Mesmo quando ele fizer 60. 

Parabéns ao mais mais velho que, numa noite e dia de tempestade, veio mostrar à mãe que podia ter outra vida, que nem tudo o que ela pensa que quer é aquilo que tem de ser. Parabéns a quem me fez entrar no "clube das mães" e me expandiu horizontes e sentimentos. 

Quando um dia leres isto, seja com que idade for, quero que saibas o imenso orgulho que sinto por ti desde já, dos teus tenros 8 anos, e como amo a pessoa que és e em quem te estás a tornar. 

Parabéns filho!